O arquivamento unilateral de diversos processos da Comissão de inquérito e Sindicância (CIS) do Conselho Deliberativo, tomado pelo presidente da CIS, Michel Zamari, continua repercutindo.
Zamari, na reunião do dia 10, alegou que arquivou o Processo n.º 04/15, que trata da desaprovação das contas de 2014 da gestão Odílio Rodrigues, pois a mesma estava prescrita por “transito em julgado em 2017”. Porém, documento do clube datado de 10 de março de 2020, assinado pelo Jurídico, avisa a CIS que foi naquela data que o processo transitou em julgado na Justiça. Ou seja, o mesmo não estaria prescrito. O documento segue abaixo e foi trazido a público pelo ex-conselheiro Vagner Lombardi.
Este documento que apresento deixa muito claro que a CIS "mentiu" na última reunião, disseram que o Processo teve trânsito em Julgado no ano de 2017 e está provado que foi em 2020. Aguardo punição aos responsáveis por tentar prejudicar o Santos Futebol Clube ( todos eles !!!!). pic.twitter.com/5Z3aQjINUn
— Vagner Lombardi (@vagnerlombardi) June 20, 2021
Diante desse documento e do requerimento de conselheiros pedindo o desarquivamento de todos os requerimentos por descumprimentos estatutários, o presidente da CIS, Michel Zamari e os outros membros da comissão (o relator Gustavo Bittencourt Amorim, o conselheiro efetivo Ademir Correa, e os conselheiros eleitos Gilberto Carrega e Ricardo Soares Cretella) renunciaram aos seus cargos dentro do órgão.
Zamari confirmou a reportagem que já protocolou uma resposta ao requerimento dos conselheiros pedindo desarquivamento e que a mesma está com a Mesa do Conselho. “Prefiro não comentar o requerimento. Protocolei hoje uma resposta e está com o Presidente do Conselho Celso Jatene. Ele saberá o que fazer”, disse.
O presidente da CIS disse respeitar todos os conselheiros. “Entendo ser um direito de todos pedir explicações. Nos aborreceu (a todos os componentes da CIS) foi a forma do pedido, bem como as diversas postagens com insinuações que nos deixaram muito aborrecidos. Jamais negamos dar explicações. Como disse é um direito de todos e um dever nosso explicar!.
Zamari aproveitou o contato da reportagem para deixar uma reflexão ao egrégio órgão. “Peço a todos que reflitam e ajudem o clube nesse momento tão importante de transformação. O Comitê de Gestão e a Mesa do Conselho Deliberativo tem pessoas de alto nível e que irão transformar o Santos. Vida que segue”. Apesar de renunciar ao seu cargo na CIS, Zamari continuará no egrégio. “Continuamos a ajudar o Santos, como conselheiro”.
Advogado renomado em Santos, Zamari é Mestre em Direito e foi conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (2001-2003), presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de Santos (AATS), e vice-presidente jurídico do Santos FC. Diante do brilhante currículo causídico de Zamari, os conselheiros ficaram espantados com o equívoco por parte do ainda Presidente da CSI ao exercer seu papel na Comissão.
A reportagem apurou junto a membros da CIS que a Comissão não está chateada com o requerimento e nem com os colegas de egrégio que fizeram o documento. A verdadeira chateação se dá por entenderem que como Comissão eles sugerem e não definem nada. Cabe a Mesa do Conselho pautar os temas e preferiu abandonar a CIS a sua própria sorte na reunião aberta. Além disso, a Mesa recebeu o requerimento e repassou a CIS para desenvolver resposta ao invés de declarar nulo o pedido dos conselheiros.
Nabil Khaznadar indignado
A saída de Zamari tornou-se pública através de um áudio do conselheiro eleito Nabil Khaznadar. Candidato a Presidente último colocado nos pleitos de 2014 e 2017, Khaznadar foi um dos articuladores da União pelo Santos. Seu grupo emplacou três membros no Comitê de Gestão de Rueda: Ricardo Campanário, José Berenger e Walter Schalka.
Veja o que diz Nabil no áudio: “Então o que vai acontecer se fosse sair fora, quem vai assumir? Ai vão passar a mão no resto (Sic). Os caras não conseguem entender isso. É impressionante os caras conseguem só olhar o que tá na frente. Se a CIS for embora, só podem entrar efetivos, não pode entrar em ninguém em primeiro mandato. Leiam o Estatuto antes de tomarem decisões, pelo amor de Deus, intempestivas. O que que é isso. Desculpa, mas eu não admito certas coisas. Vou falar com o doutor Michel Zamari, se for verdade essa notícia vou tentar demover ele dessa, dessa. Não dá. É uma pena viu”.
A reportagem tentou contato com Khaznadar, mas o conselheiro viu as mensagens e não respondeu nenhuma delas até o fechamento da matéria. Era importante o conselheiro se manifestar para esclarecer principalmente o termo “vão passar a mão no resto” que dá a entender que os conselheiros efetivos não podem assumir cargos na CIS.
Vale ressaltar que Khaznadar foi o candidato oficial da gestão Odílio Rodrigues na eleição do clube de 2014. O grupo de sustentação de Nabil nas eleições tem diversos membros da gestão Odílio Rodrigues e Luiz Álvaro.
Importante lembrar que foi Nabil que propôs a retirada da pauta de uma reunião do Conselho no fim de 2014, desobedecendo o Estatuto Social, a venda de parte dos direitos econômicos de Gabigol, Geuvânio e Daniel Guedes ao fundo Doyen, o mesmo do controverso negócio de compra de Leandro Damião.
Pressão
Assim que o requerimento tornou-se público, começou uma força-tarefa a pressionar os mais de 30 conselheiros que subscrevem o documento elaborado pelo conselheiro Ernani Thiotsu Yara, a fim de tirar o documento do Conselho ou ainda invalidá-lo por falta de assinaturas. Por outro lado, diversos Conselheiros Efetivos
O conselheiro Carlos Rigueiral retirou sua assinatura por ser membro da Comissão do Estatuto onde o mesmo irá tramitar. A conselheira Vilma Mattos, a “Vilminha Santista”, também encaminhou e-mail ao Conselho retirando sua assinatura.
Em contato com a reportagem, Vilminha esclareceu porque retirou seu nome: “Acredito não ser momento de punição, haja vista que me foi esclarecido que este processo é apenas um parecer à Mesa do Conselho Deliberativo. Vou aguardar na próxima reunião, o pronunciamento da Mesa”.
Apesar da retirada das duas assinaturas, o documento continua cumprindo todos os requisitos estatutários para ser avaliado e cumprido pela Mesa do Conselho.
Rueda comentou
Participando de uma Live do canal da Nagila Luz, o presidente do Santos FC, Andres Rueda Garcia, explicou que a grande confusão é entender o que diz a lei. “Mas eu acho que todo mundo se entende, a Mesa, a CIS e os membros do Conselho”.
Floreal
22 de junho de 2021 at 13:18
Pra que essa polêmica toda. Se o processo transitou em julgado em 2020, o que tem haver esse conselho,que assumiu esse ano. Se passou a data,como o conselho da época perdeu prazo,e não cumpriu com a legislação,que fez o Odílio não ser expulso. Vamos ficar atentos aos que não tiveram ações transitada em julgado. Ex: Modesto Roma,Perez e Orlando Rollo.