Bastidores

Ex-presidentes renunciam ao Conselho Consultivo do Santos FC

O Conselho Consultivo do Santos FC (formado por ex-presidentes do clube e do Conselho) do triênio 2024-2026, teve seu quadro reduzido pela metade nessa semana. O órgão, que tinha quatro membros em sua posse em fevereiro de 2024, hoje contam apenas com dois. Isso porque dois membros do órgão renunciaram ao posto devido ao trâmite de elaboração e aprovação do Planejamento Estratégico do Santos Futebol Clube do triênio 2024-2026. Os renunciantes são o presidente do Conselho Deliberativo do Santos no biênio 2000-2001, Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Neto, e o presidente do Conselho Deliberativo de 1986 a 1999 e da Diretoria do Santos em 1987, Otávio Alves Adegas. Segundo eles, o Inciso II do Artigo 76 do Estatuto Social do Santos FC determina que este órgão colabore com o Comitê de Gestão na elaboração do documento o que não ocorreu.

A reportagem do Meu Peixão entrou em contato com Tarquínio e Adegas que confirmaram as renúncias do Conselho Consultivo e a razão para o ato, mas ambos não quiseram comentar mais o assunto com a reportagem.

Otávio Alves Adegas e Esmeraldo Tarquínio de Campos Neto renunciaram ao Conselho Consultivo

O presidente do Conselho Deliberativo e do Conselho Consultivo, Fernando Reverendo Vidal Akaoui (foto), atendeu a reportagem e comentou:  “De fato, pediram renúncia. Nossa interpretação do texto do Estatuto é diferente da deles, pois há menção no sentido de que o Conselho Consultivo auxiliará o CG, ou seja, se demandado para tanto. Como sempre me pauto por posições democráticas, vou marcar uma reunião com os membros do Conselho Consultivo e com a Comissão de Estatuto, no sentido de ouvi-los. A depender do que for manifestado, verificarei as eventuais colaborações do Conselho Consultivo, que serão, então, encaminhadas ao CG. Se o CG entender por bem acolher as sugestões (se existirem, claro), submeteremos novamente o Planejamento Estratégico à apreciação do Plenário. Respeito os Conselheiros que renunciaram, mas acho que houve uma precipitação. Poderíamos ter resolvido tudo através do diálogo. Inclusive um deles estava presente na reunião e poderia ter se pronunciado, mas não o fez”.

Diante da renúncia de ambos, o Conselho Consultivo do Santos agora conta apenas com dois membros: André de Fázio (presidente do Conselho de 2010 a 2011) e Florival Amado Barleta (presidente do Conselho de 1998 a 1999 e de 2006 a 2007), além de Akaoui que também preside o orgão.

A polêmica
A polêmica começou na reunião do egrégio Conselho Deliberativo que teve em sua pauta essa votação na última segunda-feira (12/8). O primeiro a levantar essa questão foi o conselheiro eleito, Wilber Gadi, no Item Assuntos do Interesse do clube que foi adiantado devido a pedido do presidente do Santos FC, Marcelo Teixeira. Gadi lembrou do Artigo 76 determina a realização desta interação entre o Conselho Consultivo e o Comitê de Gestão e perguntou se essa reunião, esse encontro para debater o tema tinha acontecido.

Respondendo ao conselheiro, o presidente do clube, Marcelo Teixeira, disse que a reunião não ocorreu e justificou: “Não houve a reunião do Conselho Consultivo é verdade. Eu vou ser sincero. O Planejamento Estratégico foi difícil ser feito porque nós nunca enfrentamos uma realidade como essa está numa divisão diferente do Campeonato Brasileiro. Então você fazer um planejamento estratégico onde nós estamos e onde nós queremos chegar é algo muito difícil. O que fizemos notamos que houve uma participação grande de associados de conselheiras e conselheiros que fizeram indicações de estudos. Foi passado por todos os departamentos, principalmente pelo Jurídico que copilou e produziu esse documento”, explicou Teixeira.

Confira no vídeo abaixo a discussão sobre o tema na Reunião do Conselho Deliberativo de 12 de agosto de 2024

De acordo com o presidente do clube, o Planejamento Estratégico foi feito de maneira a não onerar os combalidos cofres santistas: “Se fossemos fazer um Planejamento Estratégico na verdade deveríamos fazer tendo a possibilidade até de contratar uma empresa. Mas hoje também fazer a contratação de uma empresa no estado atual do clube é complicado. O futebol é diferente de você planejar uma empresa. Ele é dinâmico e a mudança ela acontece de um ano para o outro de uma maneira muito radical. Então esse é o cuidado que nós tivemos com referência ao Planejamento Estratégico e pretendemos acompanhar esse planejamento. Se for necessário estaremos enviando algo diferente também para nós acomodarmos algo e mostrarmos que houve a uma mudança naquilo que nós estamos planejando. Isso eu acho que é o mais importante dentro da realidade que esteja planejado para os próximos anos”. Ao finalizar sua fala no Plenário do Salão Vidal Behor Sion do Conselho Deliberativo, Teixeira virou para o Gerente Administrativo do clube, Luiz Fernando Vella e perguntou se era isso e esclareceu o porquê da pergunta: “Na verdade eles aqui compilaram bem mais do que a minha participação nesse planejamento”.

Com a inversão da pauta, que aconteceu na reunião, a votação do Planejamento Estratégico foi o último item do encontro. No momento da votação, o conselheiro eleito Fábio Rabello retomou a questão do Inciso II do Artigo 76 do Estatuto. “Durante a fala do Presidente Marcelo Teixeira foi dito que não houve a reunião do Conselho Consultivo e o artigo 76 deixa claro que compete a este Conselho auxiliar na elaboração do cumprimento do planejamento estratégico. Então eu entendo a necessidade da retirada de pauta ainda que não haja uma alteração para que seja pelo menos cumprido o estatuto realizando o encontro com o Conselho Consultivo possibilitando a eventual alteração ou acréscimo”.

Respondendo a Rabello na reunião, Akaoui disse: “A opinião do Conselho Consultivo é meramente facultativa e este conselho é convocado somente quando o presidente do Conselho o convoca para fatos específicos o que não foi o caso”, disse.  Na sequência Akaoui comunicou que todos os conselheiros tinham recebido o Planejamento que não iria promover a leitura, o colocou em votação e aprovou o documento no encontro.

A reportagem entrou em contato com os conselheiros que levantaram o fato em Plenário. Wilber Gadi disse que no Planejamento Estratégico da gestão 2018 a 2020, quando ele foi conselheiro, aconteceu problema similar. “Foi meu primeiro mandato no Conselho Deliberativo que naquele momento era presidido pelo Marcelo Teixeira. Naquela época a Mesa também havia pautado o Planejamento sem passar pelo Conselho Consultivo da época, pois fui conferir e essa obrigação da participação do Conselho Consultivo vige desde o Estatuto de 2011 e não uma novidade das alterações que o Estatuto sofreu em 2022. Naquela oportunidade, alertado pelo conselheiro Esmeraldo Tarquínio Neto, Teixeira retirou de pauta, promoveu a reunião, foram feitos ajustes no trabalho que foi reapresentado e aprovado em Plenário. Não entendi diante desta experiência relativamente recente, de 2019 ou seja de cinco anos atrás, tal erro voltou a ser repetido”.

Já o conselheiro e advogado Fabio Rabello, que está em seu primeiro mandato de conselheiro, afirmou que se absteve de votar porque não recebeu no email o Planejamento Estratégico. “Entendo que o mesmo deveria ter sido apresentado em Plenário antes da votação, até para dar mais publicidade a esta importante peça do clube. Como não havia recebido no email, e mostrei no fim da reunião ao Presidente Akaoui, me abstive de votar. Também entendo que os artigos 75 e 76 devem ser cumpridos. O 75 diz que as reuniões do Conselho Consultivo devem ocorrer no mínimo semestralmente, estamos em agosto e, ao que tudo indica, nenhuma ocorreu. E o 76 é claro quanto a participação do Consultivo na elaboração do documento, o que documentalmente já sabemos que não houve. Lamento a saída dos ex-presidentes e entendo que fiz minha parte como Conselheiro alertando a Mesa do meu entendimento do texto do Estatuto. Mas a decisão do tramite do Plenário é da Mesa do Conselho que é a responsável legal por seus atos”, explicou.

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