Na sua primeira entrevista como técnico do Santos, Cléber Xavier fez mais do que apenas se apresentar: deixou claro que inicia uma nova etapa de forma definitiva. Ex-braço direito de Tite por 24 anos, o agora comandante santista tratou de encerrar qualquer especulação sobre um suposto “trabalho tampão” até o possível retorno do antigo parceiro ao futebol.
“Não. A minha decisão é de seguir carreira solo. O Tite estava sentado com o Corinthians e eu não iria com eles. As reuniões que teve antes do Corinthians não tiveram minha participação, nem conversamos sobre isso”, garantiu Cléber.
Com serenidade e convicção, o treinador afirmou que tomou a decisão de trilhar seu caminho por conta própria e que vê no Santos o lugar ideal para construir essa nova trajetória.
“Fui acolhido pelo presidente Marcelo, pelo Pedro, para começar o trabalho num clube gigante. (…) É uma decisão minha, começo num grande clube, cheguei para ficar. Espero renovar meu contrato”, afirmou.
E se depender de sua intenção, esse início pode marcar o começo de um ciclo longo na Vila Belmiro:
“Espero ficar a maior parte do tempo no clube. É uma ideia de permanência grande e espero que isso aconteça, mas como treinador.”
🔒 Valores inegociáveis: entrega, leitura tática e protagonismo
Questionado sobre o que considera inegociável em sua equipe, Cléber foi direto: entrega e leitura coletiva do contexto de jogo. O técnico mostrou preocupação em equilibrar ofensividade com responsabilidade defensiva, sem rótulos.
“Entrega ao trabalho. Entender junto com o atleta o que podemos tirar deles. Em qualquer clube é inegociável definir bem os momentos do jogo. Podem confundir equilíbrio com ser defensivo, mas não é. Se joga de maneira ofensiva com cuidado defensivo, e defendendo pronto para o ataque”.
A filosofia de Cléber busca uma equipe propositiva, mas com os pés no chão:
“Quero um clube protagonista, o que domina, propositivo. Mas temos que entrar com calma, primeiro cuidar. Vejo alguns treinadores falando de trabalho jogo a jogo, e é isso”.
🧠 Método e gestão: como o Santos vai jogar?
Cléber aposta em organização, metodologia e convencimento do grupo:
“Se eu organizar bem dentro do trabalho, marcação zonal, mas sei a marcação individualizada também. É escolher a medida certa. Vender a ideia e que os jogadores comprem na conversa, amostragem, treinamento”.
Segundo ele, o primeiro treino foi um indicativo promissor:
“O treino de ontem foi muito legal. Que a gente faça hoje também, leve aos jogos e consiga o resultado positivo contra o CRB.”
🎯 Estreia como treinador e foco no agora
Sobre o contrato com o Santos, Cléber mostrou desprendimento e foco total no presente. A cláusula de duração até o fim de 2025 foi o suficiente.
“Serei sincero. Quando fechei o contrato só vi que era até o final de 2025. Não quis nem adentrar mais nesse aspecto. Minha preocupação é o agora”.
Ele também demonstrou confiança no elenco e convocou a torcida para fazer a diferença na Vila:
“Gostei dos atletas, gostei do treino. Espero que a torcida esteja presente, nos acompanhe, nos apoie. Vamos fazer de tudo para entregar um grande jogo”.
Cléber Xavier começa sua jornada como treinador com ideias claras, discurso coerente e o peso de transformar um desafio em projeto duradouro. Agora, a missão é convencer dentro de campo — e conquistar um torcedor que ainda busca identidade e confiança.
