O Santos vive mais uma de suas tradicionais crises internas, dessas que já não espantam mais o torcedor, mas seguem preocupando quem ainda acredita que o clube pode se reencontrar com dias melhores. O confronto contra o RB Bragantino, no próximo domingo, pode parecer apenas mais um jogo de tabela para o grande público, mas na Vila Belmiro ele ganha tons decisivos, não pelo adversário, mas por quem estará na beira do gramado: César Sampaio, o interino, ou o que já se chama de “tampão oficial” da vez.
Sampaio, ex-jogador e figura histórica do futebol brasileiro, assumiu a bronca em um momento conturbado e tenta se agarrar a uma chance de efetivação. Mas aí surge a primeira pergunta que precisa ser feita: será que ele realmente quer esse cargo? Há indícios de que não.
Enquanto isso, o presidente Marcelo Teixeira parece ter jogado a chave do clube no colo do CEO Pedro Martins, que por sua vez, segura firme, mesmo após uma série de decisões questionáveis, a começar pela demissão de Pedro Caixinha, nome bancado por ele mesmo. A frase “o Santos saiu derrotado após a demissão de Caixinha”, dita em coletiva, agora faz ainda mais sentido: além da multa milionária que o clube terá que arcar, a falta de um plano B claro, expôs a gestão ao ridículo.
A sucessão de “nãos” também não ajuda. Dorival Júnior, Tite, Luiz Castro, todos declinaram. Sampaoli, que estava com as malas prontas para a Baixada, ouviu um “não” do próprio Pedro Martins. Na sequência, Thiago Motta, Tata Martino e até Ramon Díaz (recém-saído do Corinthians) foram sondados. Este último também recusou, mas não sem antes tentar emplacar o filho e auxiliar, Emiliano Díaz, que não agradou à diretoria santista.
César Sampaio na vitória sobre o Atético Mineiro.
Foto: (Raul Bareta/ Santos FC)
E enquanto isso, César Sampaio vai ficando. Não por projeto, planejamento ou convicção. Fica por falta de opções. Fica porque ninguém mais quis. Fica, talvez, sem sequer desejar ficar.
Para o torcedor, resta esperar. A venda morna de ingressos mostra que a empolgação passou longe da Vila. A pergunta que se impõe agora é: César Sampaio estará sozinho no domingo? Porque dentro de campo, o Peixe terá onze. Fora dele, parece não ter ninguém no comando, apenas uma dança de cadeiras entre vaidades e incertezas.
