O presidente que em 2024 tomou as rédeas do clube, liderou com pulso firme, chamou para si as decisões e colheu resultados — mesmo com todas as limitações — parece ter ficado no passado. Em 2025, o que se vê é um Marcelo Teixeira mais recuado, distante, e cada vez mais terceirizando o comando do Santos a um CEO que nem sequer existe no Estatuto Social do clube.
Pedro Martins, o tal CEO, foi um cargo criado por Marcelo à revelia da carta magna do Santos. Uma figura institucional sem base jurídica, criada à canetada, e que pode até gerar consequências graves ao próprio presidente se o poder no Conselho mudar de lado. E é esse personagem, revestido de discurso corporativo e promessas de profissionalismo, que hoje dá as cartas no futebol do clube.
Chegou com pompa, terno bem cortado, frases de efeito e arrotando gestão moderna. Com apenas dois dias no cargo, anunciou Pedro Caixinha e foi ovacionado por parte da torcida como o “executivo que chegou resolvendo”. Mas desde o início, ficou claro para muitos que aquilo não se sustentaria. E vale lembrar: naquele mesmo dia, alertei publicamente que não daria certo — nem o CEO recém-chegado, nem o técnico escolhido por ele. Infelizmente, o tempo confirmou exatamente isso.
E Pedro não chegou sozinho: trouxe seu staff completo. Só esqueceu um detalhe… básico. Um diretor de futebol. Isso mesmo. O Santos segue sem alguém capacitado e experiente no comando do futebol. Em recente coletiva, o CEO afirmou que “unificou os departamentos”. Mas a pergunta que fica é: alguém já viu o Pedro Martins na Rua Princesa Isabel? Alguém do administrativo já cruzou com ele no dia a dia?
Sua atuação, aliás, tem se mostrado mais voltada para questões ligadas ao futebol, como contratações e relações com o mercado de atletas, do que para as frentes esperadas de um CEO: estrutura administrativa, governança e profissionalização institucional. Um perfil que, na prática, lembra mais o de um executivo de futebol do que de um gestor corporativo.
A reestruturação interna do clube, que deveria ser sua principal missão, também foi terceirizada. O Santos está pagando mais de R$ 100 mil a uma empresa externa para fazer esse diagnóstico. Enquanto isso, segundo o jornalista Fábio Sormani, Pedro Martins recebe R$ 300 mil por mês.
E mesmo com todo esse aparato de gestão, o modelo de trabalho implantado no Santos em 2025 é remoto — home office. Tudo se resolve por e-mail, videochamada e aplicativos de mensagem. Não se pega um avião para ir até a Itália conversar com Thiago Motta, nem até a Grécia negociar pessoalmente com Matías Almeyda. Nem sequer ao Rio de Janeiro houve o esforço de ir para uma conversa com Sampaoli — antes da coletiva trágica que o afastou de vez do cargo. É assim que se conduz hoje o futebol profissional do Santos: à distância.
É esse o profissional que contratou Pedro Caixinha, que errou feio — com direito a uma multa rescisória amplamente divulgada pela imprensa como sendo próxima dos R$ 20 milhões. Um valor absurdo, histórico, e que se tornou mais uma cicatriz no já sofrido planejamento do Santos. E o mais surreal: Pedro Martins lamenta publicamente a saída do técnico. Agora, com o clube novamente sem treinador, a responsabilidade pela nova escolha recai mais uma vez sobre Pedro Martins. Diante do histórico recente, é natural que o torcedor se pergunte: será essa a correção de rota necessária — ou mais uma decisão que ampliará os problemas?
E o presidente? Marcelo Teixeira? Continua lavando as mãos. Ele mesmo me disse que quem está conduzindo a contratação do novo treinador é o Pedro Martins — que está analisando, conversando com profissionais e que, ao final do processo, apenas apresentará o nome escolhido com os pareceres finais.
Ou seja, o processo de definição do novo treinador está nas mãos do CEO, enquanto o presidente aguarda a conclusão para ser comunicado. Pode até ser uma estratégia de delegação, mas, diante do momento do clube e da relevância dessa decisão, é natural que o torcedor questione: onde está o protagonismo de quem foi eleito para liderar?
Não é Pedro Martins quem foi eleito. Quem precisa liderar é Marcelo Teixeira. Pedro Martins é funcionário. Vai embora, como foram tantos outros. Alguém ainda lembra de todos os diretores da gestão Rueda? Talvez só do Falcão, que saiu pela porta dos fundos e hoje posa de guru do futebol na TV ao lado do Galvão. Mas ninguém tem dúvida de quem foi o culpado pelo rebaixamento: Andrés Rueda. Porque presidente é presidente. E é ele quem carrega o peso das decisões — ou da omissão.
Marcelo Teixeira tem história no clube. Tem legado. Mas se continuar terceirizando a presidência, vai colocar tudo a perder. O torcedor quer comando, quer responsabilidade, quer resposta. Porque no fim, Pedro Martins é só mais um nome na prateleira dos que vão passar. Já o presidente… esse ficará eternizado no bem ou no mal.
