A tarde de ontem deixou clara uma ferida exposta no Santos Futebol Clube: a instabilidade institucional que segue corroendo o clube por dentro. Mesmo com os indícios levantados pelo portal Meu Peixão de que o CEO Pedro Martins permaneceria no cargo, a pressão interna foi real, intensa e escancarada. Um grupo de conselheiros prometia apertar o cerco sobre o presidente Marcelo Teixeira em reunião do Conselho Deliberativo, o que já era, por si só, um sintoma de um clube em colapso de governança.
No entanto, Teixeira bateu o martelo: Pedro Martins segue no cargo. “Não sei de onde surgem tantas especulações”, afirmou o presidente em entrevista ao programa Esporte por Esporte, tratando a crise como mera “notícia infundada”. Uma fala que soa como negação de um problema que o torcedor sente no dia a dia e que vem escalando nas últimas semanas.
Mas se a permanência de Martins já era um sinal preocupante de que o Santos poderia estar ignorando sinais claros de desgaste, a atitude do próprio CEO jogou gasolina no incêndio. Com um story no Instagram com os dizeres “Ainda estou aqui”, Pedro Martins escolheu a ironia como resposta ao turbilhão que enfrenta. Em vez de adotar uma postura institucional, optou pelo deboche.
Não surpreende que o post tenha sido mal recebido internamente. A provocação, em meio a uma crise de credibilidade e de resultados, revela um descompasso entre a liderança executiva e o momento delicado vivido pelo clube. É um comportamento que não condiz com a responsabilidade de um CEO à frente de uma instituição do tamanho e da tradição do Santos Futebol Clube.
Marcelo Teixeira, por sua vez, parece viver um dilema entre o passado que o trouxe de volta ao comando e o presente turbulento que exige pulso firme. Nos últimos dias, buscou se aproximar das torcidas, do elenco e da comissão técnica. Esteve presente no CT Rei Pelé e até viajou com a delegação. Mas presença física não tem se traduzido em comando efetivo.
Pedro Martins chegou ao clube nos últimos dias de 2024, com um discurso de modernização e profissionalização. Mas, até agora, coleciona episódios de desgaste. Da entrevista que teria afastado Jorge Sampaoli a declarações infelizes como “o saudosismo vai matar o Santos”, sua passagem já está marcada mais por polêmicas do que por resultados.
A escolha por Pedro Caixinha, técnico de custo elevado e desempenho fraco até aqui, acelerou um processo de desgaste que culmina neste cenário de desconfiança e ruído.
A diretoria ainda não decidiu se manterá a estrutura de CEO. Uma indefinição que apenas reforça a impressão de um clube que não sabe para onde vai. O Santos precisa mais do que nomes – precisa de rumo. E isso, infelizmente, ainda não se vê na atual gestão.
