Em meio ao cenário turbulento que assombra o Santos dentro e fora de campo, o presidente Marcelo Teixeira buscou nesta terça-feira (6) uma aproximação com as torcidas organizadas Sangue Jovem e Bonde do Braço Fino (BBF), em um gesto que parece mais simbólico do que estratégico. O encontro, realizado nas dependências da Unisanta, universidade da qual a família Teixeira é proprietária, revelou mais do que apenas cobranças e pedidos de reforços: escancarou o nível crítico do desgaste institucional do clube.
A ausência da Torcida Jovem, que preferiu agendar um encontro separado com o mandatário, também fala por si. Num momento em que o Santos precisa desesperadamente de união, a própria base da torcida parece fragmentada em relação ao diálogo com a diretoria. A escolha do local para a reunião também levanta questionamentos: será que uma universidade particular, associada à imagem pessoal da família Teixeira, é o espaço ideal para tratar da crise de um clube centenário e popular como o Santos?
As cobranças dos torcedores foram diretas e compreensíveis: resultados em campo, reforços e transparência na gestão. Mas a resposta da diretoria, baseada em um vago otimismo após a chegada do técnico Cleber Xavier e a suposta melhora na derrota contra o Grêmio, soa mais como tentativa de ganhar tempo do que como um plano concreto de recuperação.
Além disso, a imagem de Teixeira sendo vaiado na cerimônia de abertura dos Jogos da Unisanta evidencia a insatisfação que transborda os muros da Vila Belmiro. Nem mesmo em um ambiente acadêmico, onde o presidente deveria, em tese, encontrar respaldo institucional, ele escapou das críticas.
Não se trata apenas de um momento ruim no campeonato. A crise no Santos é estrutural: reflete falta de planejamento e um elenco montado de maneira desequilibrada e as pressas, o que as sucessivas lesões só tornaram mais evidente. E diante disso, o que se viu nesta semana foi uma tentativa de apagar incêndios com baldes d’água em vez de se repensar o projeto esportivo como um todo.
A reunião com as torcidas, embora importante do ponto de vista simbólico, terá pouco efeito se não vier acompanhada de ações concretas: investimento em peças-chave, mais diálogo com os profissionais da comissão técnica e, principalmente, humildade para reconhecer que o caminho traçado até agora levou o Santos a um beco sem saída.
O torcedor santista está cansado de discursos e promessas. Quer atitude, responsabilidade e resultados. E o tempo para isso está se esgotando.
