O futebol tem dessas coisas. De tempos em tempos, surgem histórias que parecem roteiros de cinema: menino nascido sob os holofotes do futebol, filho de um craque que fez história com a camisa alvinegra, e que agora, aos poucos, começa a trilhar seus próprios passos no mesmo caminho. Robson Júnior, o Juninho, filho de Robinho ídolo do peixe, começa a mostrar que o DNA está lá, mas não se engane: ele é mais do que apenas “o filho de”.
Na noite em que o Santos bateu o Flamengo por 1 a 0, quem roubou parte dos holofotes foi o jovem Juninho. Em sua segunda atuação entre os profissionais e a primeira em jogos oficiais, ele entrou aos 18 minutos do segundo tempo e não titubeou: mostrou personalidade, obediência tática, e ainda teve fôlego para “rabiscar” no ataque. Era um Flamengo com a bola, pressionando, e um Santos que precisava de lucidez. Juninho entregou.
A lendária camisa 7 volta a dar alegria e expectativa ao torcedor santista.
Foto: ( Raul Bareta/Santos FC)
“Precisávamos ou matar ou morrer”
O técnico Cléber Xavier justificou a entrada do jovem de forma direta:
“Robinho mostrou nos treinos o que ele mostrou no amistoso. Ele tem qualidade. Precisava de jogo pela direita e era a opção que tinha. Queria um cara de um para um, alguma coisa diferente, o jogo pedia. Precisávamos ou matar ou morrer. Sair com o gosto do 0 a 0 não seria bom para nós.”
Cléber ainda explicou como a entrada de Juninho se encaixou na estratégia ofensiva:
“Tentamos equilibrar com o Bontempo para deixar o Neymar mais livre.”
“Tem muito potencial” – Neymar aprova e se emociona
E se um dos maiores ídolos da história recente do Santos fala, o torcedor escuta. Neymar, companheiro de equipe do jovem, não escondeu a emoção ao vê-lo em campo:
“Tem muito potencial. A semelhança com o pai é muito grande. Não é fácil estar no lugar dele. E não é fácil estrear dessa forma, com a pressão que leva o nome dele.”
“Estou aqui para ajudar. É um menino de muito bom coração, torço demais por ele. Fiquei muito contente de vê-lo pequenininho e agora estar ao meu lado. O tempo está passando… e passando rápido (risos). Agora só depende dele. Futebol e potencial ele tem.”
“Ele é melhor que o pai. Pode escrever isso”
Na base, a convicção sobre Juninho beira o entusiasmo. José Renato Quaresma, diretor das categorias de base do Santos, é direto ao comparar o jovem com o pai:
“O aspecto dele é igual ao do Robinho, mas ele é melhor que o pai. Pode escrever isso.”
“Ele é canhoto, tem habilidades que precisam ser trabalhadas com mais constância. O trabalho mental é essencial, pois existe ansiedade do atleta e da torcida. Mas ele tem toda a estrutura para trazer felicidades ao torcedor, como o pai trouxe.”
“Na base, ele é melhor que o Robinho” – diz Rodrigão
Rodrigão, coordenador das categorias de base, vai além e reforça o coro:
“Eu sou suspeito de falar, porque sou fã do futebol dele. Na base, o Juninho é melhor que o Robinho. Não sei se lá na frente será, mas hoje ele é.”
“Ele é canhoto e faz gol. O pai era destro e não fazia tanto. As características no um contra um são parecidas, mas o Juninho é mais efetivo.”
Agora é com Cléber… e com Juninho
Juninho mostrou personalidade, ousadia e maturidade. Não é fácil entrar num jogo decisivo, diante do Flamengo, e parecer tão à vontade. Mas ele conseguiu. E agora, a expectativa se volta ao técnico Cléber Xavier: como administrar esse talento promissor? Como dar espaço sem acelerar etapas?
O torcedor santista sabe que não existe fórmula mágica, mas sonha. Sonha com um novo ídolo, com uma nova era. E, talvez, o nome Robson Júnior comece a ecoar não como uma sombra do passado, mas como um novo brilho no presente.
Por enquanto, Juninho já provou que não é apenas filho de Robinho. Ele é, acima de tudo, Juninho — e o Santos parece ter mais uma joia em suas mãos.
