Por mais uma rodada, o torcedor santista viu o time sair derrotado no Campeonato Brasileiro e o mais preocupante não é só o placar, mas a sensação de que ninguém no comando sabe exatamente o que está fazendo. A pergunta que paira no ar é: de quem é a culpa? Do presidente que, nesta semana, declarou com tranquilidade constrangedora que “não há preocupação com rebaixamento”? Ou do técnico Cléber Xavier, que parece cada vez mais perdido nas próprias escolhas?
Enquanto o time afunda com um pífio aproveitamento de 30%, a diretoria segue no modo piloto automático. O presidente, ao invés de demonstrar urgência, prefere o discurso anestesiante de que o Santos “não vai cair”. A verdade é que o torcedor já viu esse roteiro antes e ele costuma terminar em tragédia.
No banco de reservas, a situação não é menos preocupante. Cléber Xavier ainda não conseguiu, ao que tudo indica, nem desenhar mentalmente sua melhor formação. O exemplo mais claro disso está nas duas últimas rodadas: em uma, Pituca é exaltado como o motor do meio-campo por oferecer mais dinamismo que Rincón; na outra, sequer sai do banco como opção para o segundo tempo, o escolhido foi Bontempo, garoto promissor com bons números, mas que o treinador insiste em considerar “não pronto” para mais minutos.
E o que dizer do ataque? Tiquinho Soares, reforço experiente, virou terceira opção. Enquanto isso, Deivid Washington segue recebendo oportunidades apesar do índice altíssimo de decisões erradas em campo. São mais de 80% de escolhas mal executadas, sem qualquer sinal de evolução. Em paralelo, Rollheiser, que claramente rende mais pelo centro, é deslocado para o lado direito, tornando-se peça desconectada do jogo.
As incoerências não param por aí. Zé Ivaldo, que foi o escolhido contra o Mirassol, sequer foi relacionado na partida seguinte contra o Internacional e tem também o caso Schimidt que de quinta opção chegou para a partida como solução. A gestão do elenco parece feita por tentativa e erro, mas sem aprendizado.
Nem mesmo Neymar escapa do caos. O camisa 10, maior ídolo em campo, parece emocionalmente desgastado. Discussões no vestiário, cobranças públicas aos companheiros, bate-boca com torcedores e um semblante constantemente irritado deixam claro que o futebol está mais pesado que prazeroso para ele. Neymar sabia o que encontraria ao voltar: um clube em reconstrução. Mas talvez tenha subestimado o tamanho do buraco. E, convenhamos, se a principal arma do time está descalibrada, o risco de autodestruição aumenta.
A pergunta que precisa ser feita com urgência é: 30% de aproveitamento ainda dá direito a experimentações? Trocar de comando técnico nunca é simples, mas esperar que um elenco caro e um treinador inexperiente na elite brasileira encontrem o rumo por instinto pode ser o maior dos erros.
O Santos precisa de mais que esperança e declarações vazias. Precisa de ação. E precisa agora. Se as decisões certas não forem tomadas rapidamente, esse barco não apenas vai afundar, vai levar consigo um arsenal caríssimo, um projeto em reconstrução e a paciência de uma torcida que já grita por socorro.
