O que aconteceu no Morumbis neste domingo ficará marcado como um dos episódios mais vergonhosos da história centenária do Santos Futebol Clube. Mais de 54 mil torcedores, movidos pelo amor incondicional ao clube, compareceram para apoiar a equipe e acabaram assistindo a um espetáculo de horrores: uma goleada por 6 a 0 diante do Vasco da Gama, um adversário direto na briga contra a parte de baixo da tabela.
O time comandado por Cléber Xavier entrou em campo sem organização, sem intensidade e, principalmente, sem alma. O Vasco teve liberdade para trocar passes, criar jogadas e impor seu ritmo como se enfrentasse um adversário de divisão inferior. O placar dilatado não foi acaso: refletiu a passividade e a total falta de competitividade de um Santos que parecia alheio à grandeza da ocasião.
A tragédia anunciada
O resultado, apesar de humilhante, não foi exatamente uma surpresa. Desde a contratação de Cléber Xavier, parte significativa da torcida e da imprensa esportiva alertava que o treinador não tinha o perfil nem a experiência para assumir o comando do time em um momento de instabilidade. A diretoria, no entanto, ignorou os sinais.
Houve diversas oportunidades de correção de rota. A pausa para o Mundial teria sido o momento ideal para uma troca. Depois, a sequência de tropeços contra Mirassol, Internacional e até mesmo contra o lanterna Sport Recife escancarou as fragilidades da equipe. Ainda assim, optou-se pela manutenção do trabalho. A vitória contra o Cruzeiro, que na prática só adiou o inevitável, foi tratada como sinal de recuperação, um erro de avaliação que custou caro.
Diretoria omissa e convicções equivocadas
O presidente Marcelo Teixeira, que deveria ser o grande responsável por guiar o clube em tempos turbulentos, mantém uma postura omissa. Não basta montar um elenco competitivo no papel; é preciso ter alguém à beira do campo que saiba extrair o máximo dos jogadores. O Santos tem nomes capazes de render mais, mas, sem um comandante com liderança e capacidade de organização, o potencial da equipe se perde.
É como possuir um carro potente e deixá-lo nas mãos de um motorista inexperiente. O resultado é previsível: acidentes, panes e fracassos.
O fantasma de 2023
O que mais preocupa o torcedor é a repetição de erros recentes. Em 2023, o Santos começou a temporada com Odair Hellmann, passou por Paulo Turra e encerrou com interinos sem preparo, até culminar no inédito rebaixamento para a Série B. Agora, em 2025, o roteiro é assustadoramente parecido: Caixinha, depois Cléber Xavier, goleadas históricas (7 a 1 para o Internacional em 2023 e 6 a 0 para o Vasco agora) e uma diretoria que insiste em soluções paliativas.
A sensação é de que o clube não aprendeu nada com o trauma vivido. O torcedor, que se sacrificou e lotou o Morumbis com uma festa impressionante, recebeu em troca mais um capítulo de sofrimento e vergonha.
O que esperar daqui para frente
O futuro imediato do Santos depende das decisões a serem tomadas nas próximas horas. O clube precisa, com urgência, de um treinador experiente, com capacidade de reorganizar o elenco e recuperar a confiança. A diretoria não pode repetir o erro de apostar em “estagiários” ou soluções caseiras apenas para “tapar buraco”.
Caso contrário, o risco é claro: o Santos pode, mais uma vez, se ver afundado em uma luta desesperada contra o rebaixamento e os sinais de que a história pode se repetir são alarmantes.
A torcida, mais uma vez, fez sua parte. Agora, cabe à diretoria assumir sua responsabilidade e dar ao clube a liderança técnica e esportiva que ele merece.
