Fala Nação Santista, tudo bem? Confesso, estou meio sumido. Muitas coisas têm tomado minha atenção, e deixado a minha cabeça quente. Somado ao momento do clube dentro do campo, a gente que emite uma ou outra opinião pode acabar sendo passional demais, acabar sendo taxado de injusto, ou, como o próprio presidente Rueda disse, de “não ser santista”…
Enfim, proponho hoje uma reflexão em outra área do futebol, que é o desafio de criar receitas como principal alternativa aos cofres vazios do nosso amado clube, como também em um momento onde o clube não consegue ter a segurança da renda de bilheterias, em virtude da situação que a pandemia tem imposto a todos nós, principalmente nesse “põe casaco, tira casaco” que vivemos em São Paulo e no Brasil.
Durante muito tempo, os clubes com gestões amadoras se apoiaram no relacionamento “Globo-CBF” para ter o mínimo de segurança financeira no tocante às cotas televisivas no monopólio que a emissora carioca sempre teve nas transmissões. Não à toa, na linha do tempo, podemos ver que a ruína de muitos clubes começou quando o antigo “Clube dos 13”, que outrora negociava os direitos televisivos dos clubes como um grande bloco, foi desarticulado no dia 23 de fevereiro de 2011, em decorrência do Corinthians requerer sua desfiliação por não concordar com a forma em que a entidade estava negociando os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para os anos de 2012, 2013 e 2014 com os diversos meios de comunicação interessados. O mesmo caminho foi seguido pelo Botafogo no dia 25 de março do mesmo ano, e posteriormente seguido por todos os clubes do Rio, e por todos os outros do Brasil. Alguns clubes começaram a ganhar mais em cifras, porém a discrepância entre alguns coirmãos aumentou.
Muita água rolou debaixo dessa ponte, e as dívidas de todos os clubes explodiram. Talvez justamente pela necessidade de compensar o abismo criado entre algumas agremiações, alguns inflaram tanto seus números negativos que, hoje, muitos já ultrapassam ou estão prestes a ultrapassar a barreira de um bilhão de reais em dívidas. Antes, alguns ganhavam 10 enquanto outros ganhavam 15. Hoje ganham 30 enquanto seus rivais ganham 90. Esportivamente chega a ser desleal, mas gestão esportiva precisa enfrentar esses desafios de maneira sóbria.
Muitos, sem criatividade ou sem visão do mercado que se aproxima ou daquele que se encerra, acabaram sem ter noção do que fazer na hora de atravessar a rua sem um guia. Como um amigo meu diz, é ruim com a Globo, e pode ficar pior sem ela.
Ocorre que hoje vivemos outro ponto de ruptura. A toda poderosa Rede Globo de Televisão vê seu monopólio ruir por uma série de fatores. Hoje, os clubes não ganham mais um bolo de dinheiro de um lugar só, mas vê a variação de cifras brotar de vários lugares diferentes, e, cada vez mais, se torna a hora de saber gerir cada centavo, e, principalmente, aproveitar as transições para dar o pulo do gato em busca de, em um estado de vanguarda, ser o pioneiro em um novo nicho de mercado.
Corremos sério risco de não termos o próximo Campeonato Paulista sendo transmitido pela (ex?) Toda Poderosa Globo, e se fizermos um balancete usando o Campeonato Carioca deste ano, podemos ver que, embora tenha existido a possibilidade de se trabalhar com o mercado de streaming, PPV e outras receitas, houve um decréscimo nos valores de TV aberta, fazendo que o rateio que antes era de R$ 18 milhões entre os participantes caísse para 3 com a Record. Inclusive, a própria Ferj tem problemas para pagar a premiação do campeonato por conta da renda reduzida com venda de direitos de televisão.
Quando um mercado antigo se fecha, um novo se abre com muitas possibilidades. E, convenhamos, já passou da hora de alguém liderar o clube a celebrar novos acordos, visando se aproveitar do mercado de streaming, talvez unindo-o com o programa de sócio torcedor, visando atingir os santistas que não costumam, ou não podem ir sempre aos jogos.
Imagine, dentro de um app fornecido ao Sócio Rei, o clube disponibilizar não só a transmissão de partidas de base, do feminino, como também um programa de jogos do próprio profissional masculino, em um futuro próximo?
Imagine uma realidade onde se pode criar uma categoria intermediária entre o “gold” e o “black”, os planos de Socio Rei, acrescentando 20, 25, 30 reais por mês onde o associado finamente seria tratado como um cliente consumidor, tendo diversas experiência dentro de um aplicativo que funcionaria em parte como um Netflix para conteúdos históricos, e em parte como um Watch ESPN para acompanhar conteúdos ao vivo.
Parece algo futurista, mas é uma realidade que bate à porta, e cabe à gestão pensar se é melhor sentar e sacrificar o futebol para pagar os boletos, ou aproveitar esses pontos de ruptura históricos e fazer renda extra com a sua própria torcida, aumentando o quadro associativo por meio de serviços inovadores.
Por curiosidade, entrei no app do Santos disponibilizado para o meu tipo de sistema operacional do celular, e pasmem, a última informação publicada é de 15 de julho de 2020, com uma enorme foto do ex-presidente José Carlos Peres, expulso do clube, abraçado com Bryan Ruiz. É sério isso???
Colocar a austeridade financeira do clube nos trilhos não é só vender jogador para fora e pedir jogador emprestado para clubes menores e empresários. É usar a corrente do mercado a nosso favor. Pois nesses tempos de adversidades, é que os verdadeiros notáveis se fazem notados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Peixão
Alberto Higino de Camargo Assis
1 de junho de 2021 at 18:19
Excelente, Gilvan. Muita lucidez e visão futura da administração do nosso querido clube.
Rodrigo Melo
1 de junho de 2021 at 14:45
Infelizmente parece que muda as gestões e pessoas, só que o amadorismo continua enraizado no Santos FC, espero que um dia isso possa mudar ou pode ser tarde !
Helio Tollini
1 de junho de 2021 at 11:20
Excelente texto. Espero que chegue na diretoria e tomem iniciativas nesse sentido