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OPINIÃO – Nem todos foram Santos…

Nem todos foram santos no Santos, graças a Deus. Digo isso com a certeza renovada após ver a Copa do Mundo vencida pela Argentina (infelizmente). A competição mostrou novamente que nem só de heróis vive uma conquista.

Esse nosso mundo virtual, da primazia da perfeição, não costuma ter espaço para as mais variadas tonalidades de personalidade. Em redes antissociais como o Twitter existe apenas o azul ou o vermelho, o bem e o mal, o cancelável ou o sensato, heróis e vilões.

Qualquer discussão que traga um pouco mais de complexidade sobre qualquer assunto rende os famigerados: “tá defendendo?”, “tá passando pano?”. Se você requer um pouco mais de tempo para raciocinar sobre qualquer fato, ou simplesmente não quer se posicionar é chamado de pessoa em cima do muro, de sem personalidade. Todos querem falar, mesmo que possuam a profundidade de um meme com relação ao assunto abordado.

Pegarei esse conceito dualista emprestado das redes, sobre heróis e vilões para afirmar: como é bom ter vilões no nosso time! Daqueles que tiram a concentração e a paciência dos adversários, daqueles que brigam pelo time que defendem, que se preciso for vão ao limite do aceitável (ou ultrapassam) pela vitória, sim pessoas horríveis para muita gente, que seriam canceladas pelas redes.

Digo isso pois vi muitas semelhanças de personalidade entre o Dibu Martinez e o ídolo de 2002/03 (o resto não me importa) Fábio Costa. Ambos vibram (ou vibravam) numa frequência diferente durante as partidas. Seja na fervura argentina, ou na efervescência baiana.

Os dois deixam (ou deixavam) tudo em campo numa final. Provocam, gritam, tiram adversários do sério, comemoram defesas com efusividade! Nunca me esquecerei daquele dia 15/12/2002, quando fiquei marcado pelos gritos de Fáááááábio Costa nas vozes de todos os narradores e torcedores santistas. Quando sofreu o gol Fábio ainda brigou pela bola, empurrou o adversário. Um verdadeiro monstro.

O mesmo goleiro que no ano seguinte após uma falha no jogo decisivo (contra o Nacional) bateu com força no braço a cada defesa de pênalti, ele parecia ter 5 metros de altura naquela noite. Vi um pouco de Fábio Costa no argentino Dibu, em cada vibração dele percebia que aquele não era um herói, mas um vilão necessário.

O herói é o artilheiro, aquele que balança as redes, ao goleiro cabe a inglória missão de conter, de impedir a alegria de alguém para assim garantir a dos seus. Nesse ponto, amo ter no time um vilão horrível, que dá medo, que gera ódio nos adversários, quanto mais o odeiam, mais significa que ele é incrível.
Saudades do grande Fábio Costa, meu vilão favorito. No Santos, nem todos foram santos, graças a Deus.

Ivan Belmudes (jornalista com 15 anos de profissão, passagens por Record, SBT e TV Cultura, além de sócio torcedor do Santos e fanático pelo Peixe – Twitter: @Don_Belmudes)

 

                                            ** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Peixão

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