O Flamengo anunciou recentemente a nomeação de Marcelo Campos Pinto como seu novo representante dentro da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Para quem não se lembra, Marcelo foi o arquiteto dos contratos de TV que consolidaram uma das maiores desigualdades financeiras do futebol brasileiro, favorecendo diretamente o Flamengo e poucos outros clubes durante a última década. Além disso, seu nome chegou a ser citado em documentos relacionados ao Fifagate, com menção a um pagamento de US$ 1 milhão, conforme noticiado na época. Agora, ele volta ao cenário para negociar os contratos da Libra. O que isso significa para o Santos FC?
A Libra e o perigo para o SantosFC
A Libra, que conta com 15 clubes, entre eles o Santos, fechou um contrato com a Globo para a transmissão do Brasileirão a partir de 2025. O acordo prevê uma receita de R$ 1,17 bilhão, além de 40% da receita líquida do pay-per-view. A preocupação é evidente: com Marcelo Campos Pinto representando o Flamengo dentro da Libra, há receios de que a equidade na distribuição dessas cotas possa ser comprometida. Não é surpresa que Rodolfo Landim, então presidente do Flamengo, tenha demonstrado insatisfação porque não poderá mais receber um valor cinco vezes maior que o de outros clubes. A intenção do Flamengo parece ser manter sua vantagem financeira no cenário nacional.
Guerra fria com Leila Pereira
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, criticou duramente Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, devido a divergências na criação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Leila apontou uma postura de “soberba” por parte do Flamengo, acusando o clube de pensar apenas em si e não no coletivo do futebol nacional. Ela enfatizou a necessidade de união entre os clubes para fortalecer o esporte no país e alfinetou: “Se acham que o futebol brasileiro é pequeno para eles, que vão jogar na Europa, o Real Madrid está lá esperando”. As críticas de Leila também se estenderam à insistência do Flamengo em exigir unanimidade para decisões na Libra, o que, segundo ela, impede avanços nas discussões. A dirigente afirmou que não permitirá que um único clube dite as regras da liga e pediu que os demais clubes se posicionem contra essa postura.
O silêncio da imprensa
Diante de um cenário tão polêmico, chama a atenção o silêncio quase absoluto da imprensa esportiva. Alguns veículos de comunicação, principalmente os de Santos, não abordaram o assunto. Um fator que pode explicar essa postura é a influência histórica de Marcelo Campos Pinto nos bastidores do futebol e sua proximidade com alguns setores da mídia. Além disso, na última eleição presidencial do Santos, ele foi disputado por dois candidatos, que chegaram a trocar farpas públicas por essa proximidade. Um deles, inclusive, tem forte conexão com a antiga gestão do clube, o famoso “Pool Ruedista” da comunicação. Enquanto isso, veículos como o UOL gastam espaço criticando Neymar por usar um helicóptero, mas não dão a mesma atenção às decisões sobre os contratos da Libra.
Santos precisa se posicionar
O Santos FC não pode ser omisso nessa discussão. A forma como os contratos da Libra serão conduzidos nos próximos anos terá um impacto direto na sua competitividade e sustentabilidade financeira. Leila Pereira tem sido um exemplo de dirigente que defende os interesses do Palmeiras sem aceitar decisões que possam prejudicar o clube. Já Marcelo Teixeira, que costuma ressaltar sua boa relação nas federações, precisa garantir que o Santos também esteja bem representado nessas negociações.
O momento é de atenção máxima. O Santos FC e sua torcida precisam cobrar uma postura firme da diretoria e exigir transparência nas negociações da Libra. Essa cobrança deve partir, principalmente, dos Conselheiros Eleitos, que têm a responsabilidade de fiscalizar e questionar as decisões da gestão. O clube não pode aceitar um modelo que potencialmente favoreça apenas alguns, comprometendo a competitividade do futebol brasileiro e colocando em risco seu próprio futuro.
