Em abril de 2023, o Santos Futebol Clube anunciou um novo patrocinador máster: a empresa Blaze, plataforma de jogos online amplamente conhecida no mercado. A iniciativa foi apresentada como uma solução financeira de impacto, com cifras que agradaram os cofres do clube. Mas, em campo e nos bastidores, os efeitos posteriores levantam questionamentos incômodos.
🔻 A Linha do Tempo de um Declínio
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Abril/23: Anúncio do patrocínio com a Blaze.
- 2023: Instabilidade, demissões, protestos e perda de identidade institucional.
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Dez/23: Rebaixamento inédito do Santos FC no Campeonato Brasileiro.
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2024: Mesmo com o acesso à Série A garantido com o título da Série B, o ano de 2024 não teve clima de comemoração.
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Abril/25: Encerramento da parceria com a Blaze e assinatura com a 7K, outra casa de apostas, como nova patrocinadora máster.
Embora não se possa afirmar relação de causa e efeito, é impossível ignorar o encadeamento dos fatos e o contexto simbólico e energético que envolve tais decisões.
🎲 A Onda de Azar de Neymar: Coincidência ou Sintonia?
Neymar Jr., figura central na intermediação da parceria entre Blaze e Santos e também garoto-propaganda da plataforma globalmente, enfrentou, desde então, uma sequência de lesões e momentos difíceis em sua carreira. Embora sejam episódios comuns no futebol de alto rendimento, há quem veja nesse ciclo uma sintonia negativa que ultrapassa o campo racional.
A associação de nomes e marcas a determinados ambientes pode, ao menos simbolicamente, gerar repercussões que afetam imagem, narrativa e até o desempenho esportivo.
📉 Casas de Apostas: O Outro Lado da Moeda
Pesquisas e especialistas apontam que o mercado de apostas online, embora legalizado, traz consigo desafios éticos e sociais:
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O vício em apostas é uma condição reconhecida pela OMS.
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Jovens são o público mais suscetível, e muitos relatam impactos em suas finanças, relacionamentos e saúde mental.
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Estudo da Fiocruz aponta crescimento significativo de distúrbios comportamentais ligados ao jogo.
Nenhuma dessas empresas citadas está sendo acusada de ilegalidade, mas o ambiente sistêmico que cerca esse setor é frequentemente controverso e carrega debates éticos relevantes.
⚠️ E o Santos Reafirma o Caminho
Com o encerramento do vínculo com a Blaze, o clube teve a oportunidade de reavaliar sua direção institucional. Mas, ao anunciar a 7K como nova patrocinadora máster, optou por seguir no mesmo segmento.
A crítica aqui não é à legalidade do contrato, mas ao significado e ao legado que essa escolha carrega. Em vez de diversificar seus parceiros e elevar o padrão simbólico da camisa, o clube optou por repetir o modelo que antecedeu sua maior tragédia esportiva.
🍗 Uma Alternativa Ignorada: GTF e Canção Alimentos
Uma possível alternativa ética e institucionalmente mais sólida já estava dentro de casa: a GTF, dona da marca Canção Alimentos, que já figura como patrocinadora do Santos e recentemente anunciou Neymar Jr. como embaixador da marca.
A empresa, com projeção de faturamento de R$ 5 bilhões até 2026, passa por um processo de rebranding e tem ampliado sua presença em campanhas de alto impacto. Uma eventual negociação para assumir o espaço máster da camisa traria benefícios reputacionais mútuos e ajudaria a criar uma nova memória coletiva – como a do icônico uniforme BMG de 2011.
❌ Atalhos Têm Custo
O Santos precisa se perguntar: que camisa vamos querer lembrar daqui a 10, 20, 30 anos? A que trouxe de volta Neymar e carregava uma marca de alimento reconhecida por sua integridade? Ou a que escolheu o atalho, mesmo após os sinais de que esse caminho não rendeu frutos, nem em campo, nem fora dele?
