A Vila Belmiro amanheceu, mais uma vez, envolta em silêncio.
Mas não é o silêncio da paz — é o da dúvida.
É aquele tipo de vazio que grita.
Quem vai comandar o Santos?
Ninguém sabe.
Ninguém quer.
Depois da derrota para o Bragantino, a diretoria — que já vivia em estado de alerta — apertou o passo.
Fernando Diniz? Luxemburgo como coordenador?
Ventilam nomes. Ventilam ideias.
Mas decidir, que é bom, nada.
O Santos virou aquele convite para uma festa que todo mundo agradece — e recusa.
Diniz, com seu futebol ousado e impulsivo, ainda lambe as feridas da saída do Cruzeiro.
Hesita.
Luxemburgo, com um currículo pesado de glórias e polêmicas, até topa voltar — mas nos bastidores, longe da linha de frente.
No máximo, um tapa no buraco. Nunca um projeto.
Enquanto isso, César Sampaio carrega nas costas um piano que não é dele.
Discursa. Motiva. Protege o elenco.
Mas no futebol, boa vontade nunca foi sinônimo de resultado.
O torcedor quer algo bem mais simples: respostas.
E gols. Muitos gols.
No papel, a diretoria corre.
Na prática, tropeça.
Nem a rescisão de Pedro Caixinha — demitido há dias — foi finalizada.
O Santos parece viver em um eterno “depois a gente vê”.
A cada novo dia sem técnico, o clube escorrega um pouco mais na própria indecisão.
Não é falta de opção.
É falta de comando.
Falta de coragem.
Ninguém quer assumir.
Ninguém quer se expor.
Ninguém quer ser o próximo a naufragar.
E a Vila, que um dia foi palco de craques e conquistas, hoje assiste, triste, ao mais novo capítulo desse enredo melancólico:
O Santos que já foi ousado, agora hesita até para escolher quem vai guiar seu barco.
O tempo passa.
E no futebol, quem hesita demais não apenas perde.
Afunda
