“Quando Pelé partiu, não foi apenas um homem que morreu. Foi um pedaço da alma santista que se despediu silenciosamente. A Vila Belmiro chorou. E desde então, nunca mais sorriu do mesmo jeito.”
O Santos que Pelé elevou ao Olimpo, hoje tropeça nos escombros da própria história.
Quando o caixão do Rei passou pelas ruas de Santos, milhares choravam — mas poucos perceberam: naquele cortejo, não era só Pelé que se despedia. Era a grandeza do Santos que, aos poucos, ia sendo enterrada.
Vieram as derrotas. Vieram os vexames. Vieram os rebaixamentos morais, antes mesmo do rebaixamento técnico. Cada troca de treinador, cada promessa quebrada, cada silêncio na Vila era um grito de socorro que poucos ouviram.
O Peixe, outrora soberano dos mares, virou um barco à deriva. Sem mapa. Sem leme. Sem capitão.
Mas em meio à lama, ainda brota esperança. A volta de Neymar reacendeu uma vela no altar do futebol que Pelé consagrou. Não pela salvação imediata — mas porque mostra que, apesar de tudo, ainda existem aqueles que acreditam.
E talvez seja isso que mantenha o Santos vivo: a teimosia quase infantil de acreditar que o impossível é apenas um detalhe.
Porque enquanto houver um menino sonhando em ser Pelé… enquanto houver uma camisa branca esvoaçando contra o vento do descrédito… enquanto houver amor, o Santos não terá morrido.
Ele apenas… dorme.
E um dia — quem sabe logo — acordará de novo para ensinar ao mundo que o futebol nasceu aqui.
Na terra do Rei.
No reino que jamais esquecerá seu soberano.
