O Santos entra em campo nesta quarta-feira, 19 de novembro, para enfrentar o Mirassol em um duelo decisivo na luta contra o rebaixamento. A vitória é tratada como fundamental pela comissão técnica e pelos jogadores, que veem o confronto como um divisor de águas na reta final do Campeonato Brasileiro. A situação dramática vivida pelo clube contrasta com épocas gloriosas do maior alvinegro do mundo, que agora tenta reencontrar sua força dentro de campo.
Mas a data carrega um simbolismo ainda maior: há exatos 56 anos, em 19 de novembro de 1969, Pelé eternizava no Maracanã um dos momentos mais marcantes da história do futebol mundial ao marcar seu milésimo gol. O feito, de repercussão planetária, parou o estádio, o país e entrou para sempre no imaginário esportivo.
O dia em que o mundo parou para ver Pelé
O ano de 1969 foi histórico em diversos sentidos, o homem pisava na Lua pela primeira vez, Woodstock revolucionava a música e os Beatles encerravam sua trajetória como banda. Mas, no esporte, nada superou o brilho do Rei do Futebol.
A expectativa pelo gol 1000 vinha crescendo. Dias antes, contra o Botafogo da Paraíba, Pelé marcou seu 999º gol, mas abriu mão de alcançar a marca histórica ao assumir o lugar do goleiro Jair Esteves, que havia se lesionado durante o amistoso em João Pessoa.
A chance seguinte veio em Salvador, contra o Bahia, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Pelé chegou perto: driblou o goleiro Jurandir e finalizou para o gol vazio, mas o zagueiro Nildo salvou em cima da linha. O empate em 1 a 1 adiou o momento tão esperado.
Assim, todas as atenções se voltaram para o Maracanã, palco de Santos x Vasco. Mesmo com as duas equipes já desclassificadas, mais de 65 mil pessoas foram ao estádio naquela noite chuvosa. O país inteiro acompanhava a transmissão das emissoras, prontas para registrar um dos momentos mais emocionantes da história do futebol.
O milésimo gol
Aos 34 minutos e 12 segundos do segundo tempo, o momento chegou. Pelé ajeitou as meias, respirou fundo e caminhou lentamente até a bola. Após três passos curtos, acelerou, deu uma leve paradinha e bateu com o pé direito no canto esquerdo de Andrada, que ainda tocou na bola, mas não conseguiu impedir o gol histórico.
O Maracanã explodiu. Jornalistas invadiram o campo, Pelé foi erguido nos ombros e o mundo celebrou. Em vez do tradicional soco no ar, o Rei correu até o fundo das redes para buscar a bola do gol 1000.
Na volta olímpica, vestiu uma camisa do Vasco com o número 1000 e deixou uma mensagem que ecoa até hoje: pediu ao governo que olhasse pelas crianças pobres do Brasil. Era o futebol dando voz a um dos maiores atletas da história.
As homenagens foram inúmeras: diploma da FIFA, medalhas da CBD e da Federação Carioca, um painel de selo comemorativo e até um tamborim de prata entregue pela Estação Primeira de Mangueira.
Neymar, o “príncipe”, e o desafio de hoje
Cinco décadas depois, os olhos da nação santista voltam-se para outro ídolo. Apontado por Pelé como seu “príncipe”, Neymar terá a missão de liderar o Santos em um dos jogos mais importantes do ano. A torcida promete transformar a Vila Belmiro em um caldeirão, empurrando o time em busca da vitória que pode reacender a esperança de permanência na Série A.
No simbolismo da data, santistas acreditam que Pelé, do alto de sua eternidade, enviará energia positiva ao clube que o consagrou. Em campo, cabe ao Santos honrar o passado glorioso para construir um presente de sobrevivência.
A bola rola, a história inspira e o Peixe busca escrever um novo capítulo nesta noite carregada de memória e emoção.