Um dos objetivos da atual gestão do Santos junto ao associado prometidos em época de eleição é a redução da folha salarial do clube, que ano passado beirava os R$ 13 milhões bruto, e hoje, segundo o presidente Andrés Rueda Garcia beira os 8 milhões líquidos.
Muitas dessas movimentações podem ser consideradas positivas ou negativas na visão do torcedor do Santos e o objetivo dessa reflexão é entender que não há saída simples, uma vez que é necessário além de buscar esse enxugamento fiscal, manter um time competitivo e evoluir parte dos jogadores promissores que hoje não tem espaço garantido dentro do plantel santista.
Para exemplificar a necessidade de buscar alternativas, citarei alguns jogadores e quanto eles representam em gastos mensais para o clube:
Rodrigão, Cleber Reis, Lucas Venuto, Rafael Longuine, Arthur Gomes, Luiz Felipe e Felippe Cardoso somam cerca de 1,5 milhões de reais dentro das despesas citadas no primeiro parágrafo deste texto. Atletas que claramente não possuem ou não demonstraram, dentro da Vila Belmiro, talento suficiente para vestir a camisa do Santos Futebol Clube atualmente.
Agora você pode pensar, que uma vez parte deles terem voltado de empréstimo, esta poderia ser uma saída simples para que a direção se livrasse de pelo menos parte desta despesa, certo? Correto. Mas a direção tem enfrentado resistência de alguns atletas em topar um novo desafio ao invés da acomodação, juntamente com o “bom e velho” transferban, que assombra a instituição por praticamente um ano inteiro, e a incerteza de conseguir peças suficientes para o plantel em caso de contusões, suspenções e possíveis vendas no meio do ano.
Enquanto Taílson, criticado pelo torcedor, e vendo seu espaço encolher com o novo treinador dentro do plantel, topou ser emprestado para adquirir experiência jogando pelo Coritiba a serie B deste ano, Luiz Felipe recusou jogar a série A pela Chapecoense para continuar na cidade de Santos.
Podemos aqui fazer um exercício de imaginação sobre os motivos da recusa. E são inúmeras possibilidades. O caso é que o contrato do zagueiro de 27 anos e que claramente vem há dois anos longe de ter o mínimo de condições físicas para atuar no nível do futebol brasileiro (que não é muito alto), vai até dezembro de 2024. Exatamente, a gestão anterior prorrogou o contrato dele em janeiro do ano passado, sendo que ele pouco atuou com Jorge Sampaoli, principalmente depois da atuação questionável contra o rival de Itaquera nas semifinais do Paulistão daquele ano.
Pode ser o comodismo de mais 3 (TRÊS!) anos de contrato garantido no clube? Pode ser a vontade de querer se provar depois de inúmeras lesões? Ele achar que por ser um dos poucos destros na zaga, pode ter espaço em caso de suspensão ou lesão de Kaiky? Fica a critério do leitor, mas o que eu penso me colocando no lugar de quem renovou seu contrato é que desde o fim de 2017, quando mostrou bom futebol no clube, ele sofre com o físico e vem acumulando erros que o fizeram cair em descrédito com o torcedor santista. E uma mudança de ares, ainda mais para um clube organizado e com menos pressão, como a Chapecoense, ele teria a chance, dentro da serie A, de mostrar seu valor e dar a volta por cima.
Mas o caso mais curioso é o de Arthur Gomes. Surgiu como uma promessa do clube, porém, o atleta que já foi agenciado por Wagner Ribeiro e hoje tem Neymar Sênior em seu estafe, não se firmou.
O jogador, que no fim do ano passado teve atritos com páginas que criam conteúdo do Santos, e alguns torcedores em redes sociais, não caiu nas graças da torcida em nenhum momento e claramente necessita de novos ares para sua carreira.
Acontece que, como noticiado por Arthur Faria aqui no Portal Meu Peixão, o seu homônimo recusou a oferta de empréstimo dada pela Ponte Preta, em que o Santos ainda arcaria com 40% do seu vencimentos mensais, tornando assim inviável a intenção da direção santista de reduzir parte da folha salarial emprestando atletas que não estão nos planos de Ariel Holan.
Ocorre que Arthur Gomes tem contrato vigente com o Santos até dia 31 de dezembro deste ano, e, como dito pelo próprio estafe do atleta, querem esperar a janela de transferências no meio do ano para esperar propostas do exterior. Mas a real intenção do estafe deve ser aproveitar a possibilidade da assinatura de um pré-contrato e uma saída de graça no fim do ano, utilizando justamente essa janela.
É curioso, porém, interessante ver o quanto de bala na agulha o estafe liderado por Neymar Pai terá para arrumar uma transferência para o exterior para o Arthur Gomes, afinal, quem lembra de Lucas Lima indo jogar no Barcelona? E particularmente, não tentando analisar tecnicamente a relação custo benefício de Arthur Gomes e Santos Futebol Clube, se este movimento que se desenha for real, a única coisa que o Santos perde é na manutenção salarial do atleta até o fim do ano, onerando assim a folha salarial do clube.
Se torna necessário mencionar a tal polêmica renovação do zagueiro Sabino, de um jogo no profissional e seus incríveis 200 mil reais mensais, chegando a 280 em seu ultimo ano de contrato, algo que na prática vai na contramão do objetivo da direção de equilibrar a viabilidade financeira do clube.
Não quero me alongar sobre a situação, há um texto, também redigido por Arthur Faria aqui no portal contando detalhes do novo acerto. Porém, me sinto obrigado a mencionar que, embora o registro tenha aparecido nessa gestão, a assinatura ocorreu em dezembro do ano passado, na gestão Rollo, após a negativa do Conselho Deliberativo na venda para o futebol japonês, e qualquer revisão que a atual gestão quisesse fazer entre janeiro e fevereiro, haveria de ocorrer a rescisão e outro novo registro, algo impossível por conta do jogador ainda estar defendendo o Coritiba por conta da extensão da temporada 2020.
Há de se mencionar apenas que embora gestões compostas por pessoas físicas fazem os acordos, quem se compromete a cumpri-los é a pessoa jurídica Santos Futebol Clube. Fica a reflexão.
Por fim, em busca de desenvolvimento de atletas que durante suas formações demonstraram ter grande potencial técnico, e por ainda não terem maturado técnica e fisicamente, acabam por não possuir minutagem suficiente para que esta evolução ocorra.
Em um clube estruturado financeiramente, sem transferban, sem pandemia, a decisão correta para esses jogadores, como Lucas Lourenço, Wagner Leonardo, Fernando Pileggi, entre outros, seria empresta-los para times menores para que o ritmo de jogo possa dar a eles a confiança e a evolução desejada para atuarem com o manto santista.
Porém mais uma vez, a necessidade de emprestar jogadores mais caros para desonerar a folha salarial, o transferban que impede contratações pontuais para as necessidades técnicas do time, e a necessidade de se compor um elenco com lastro para não ser pego de surpresa pode atrapalhar esse planejamento técnico com os garotos, colocando-os em situação de pressão por resultados individuais e queimando atletas e impossibilitando a evolução deles.
Este para mim é o maior desafio do departamento de futebol do clube neste ano. Equilibrar finanças, sem perca técnica na equipe principal, e conseguir a evolução individual de peças promissoras que ainda não maturaram.
Basicamente é trocar o pneu com o carro andando com apenas um braço. Culpa de uma década de más gestões, mas que não poderá servir esse argumento de muleta para outra má gestão. O Santos não merece. Que Deus nos abençoe e nos proteja.
FERNANDO ANDRADE
22 de março de 2021 at 10:46
Muitas malezas a serem curadas no nosso Glorioso…ótima análise e um texto lúcido….o CD deveria propor uma cláusula obrigatória de produtividade e avaliação anual…assim não ficaria refém desses jogadores e empresários chupins, pois é nítida a falta de compromisso com o clube…pois o salário continua caindo….desejo muito que as gestões temerárias tenham ficado para trás….e que esses casos sirvam sempre de alerta do que não se pode fazer com o nosso SANTOS!!!!!
Leonardo Sócio 10
21 de março de 2021 at 07:43
Perda técnica já teve e vem tendo ano a ano . Perdemos Veríssimo e Pituca , melhores dos seus setores em 2020. Presidente precisa pagar pelo TRANSFERBAN !!! Fazer trocas , vendas e trazer jogadores em fim de contrato . Não tem outra saída . De forma clara e com aval de exceção pelo CD , coloca cláusula de recebimento do dinheiro dentro da sua gestão com a venda de 1 ou mais atletas . Somente Ângelo vale mais de 400 milhões … ele seria NOBRE nesta questão e acalmaria já seus eleitores que acreditaram no seu poderio financeiro .