12 anos da estreia de Neymar
Texto escrito pelo ex-presidente Marcelo Teixeira*
A estreia do Neymar era muito aguardada no clube e pela torcida. Era hora de colocar, definitivamente, a nossa estrela na prateleira, após muitos esforços para mantê-lo no clube, porque mesmo na base, ele sempre foi muito assediado. Todos lembram que tivemos que resgatá-lo na Espanha, onde já que estava pronto para assinar um contrato com o Real Madrid.
Nosso treinador naquela época, Vagner Mancini, estava propenso a escalar o Neymar como titular para iniciar a partida, afinal o menino treinava muito bem entre os profissionais. Mas, acertadamente, preferiu colocá-lo durante o jogo no Pacaembu.
Nem todos os torcedores o conheciam, mas havia uma enorme expectativa por sua estreia. Era a esperança de mais um raio surgindo na Vila.
Ouvimos os primeiros gritos das arquibancadas pedindo o Menino da Vila, já antes do intervalo do primeiro tempo. Quando recomeçou o segundo tempo, esses pedidos da arquibancada foram crescendo, as vozes se somavam e ecoavam muito forte até o treinador chamá-lo.
Para mim, que vi o Neymar desde o início de carreira e autorizei o Zito a criar uma nova categoria na Base apenas para traze-lo ao clube, era como estivesse vendo um filho começar na sua profissão.
Cada jogada, cada lance era uma emoção, principalmente o temor que o machucassem, porque os adversários não admitiam as jogadas e até humilhações com tanta ginga, técnica e habilidade em um único jogador.
Neymar sempre foi atrevido, irreverente, fazendo belas jogadas, sempre focando o gol, um verdadeiro craque de nossa fábrica do Santos.
Nessa semana de sua estreia, ele, com Alan Patrick, Paulo Henrique Ganso, Madson, entre outros de seu grupo, ao final de um treino fizeram uma de suas costumeiras brincadeiras. O Marcelinho ficava bastante no CT, brincava muito com eles, tinha 14 anos de idade, enquanto eu estava em uma reunião, ele estava no campo. Começou a chover muito, o treino tinha acabado e os atletas já tinham até ido para suas casas, mas onde estava o Marcelinho? Até que chegou o seu amigo, que brincava com ele naquela tarde/noite, todo molhado, querendo falar comigo. Perguntei para ele: “onde está o Marcelinho?” Ele respondeu: “Queria que o senhor viesse comigo até ali!”. Pedi para o Evaldo, coordenador do profissional, acompanhar o garoto. Eles voltaram, o Marcelinho todo molhado e roxo nos lábios de tanto ficar na chuva. Não quis falar porque estava daquele jeito, demorou muito para que eu soubesse porque ele não queria expor os atletas, mas na realidade tinham prendido o Marcelinho em uma das traves e o amigo não conseguiu soltar até o Evaldo ajudar. Obras e artes de Neymar e dos Meninos da Vila!
Ele entrou aos 14 (7+7) minutos do segundo tempo, tinha apenas 17 anos e só poderia ter escolhido o dia 7 para a sua estreia! E ainda com a camisa 18 (1-8=7).
Foi assim que Neymar começou marcar seu nome na história do Santos FC, para encantar o futebol brasileiro, para identificar e fidelizar ainda mais o torcedor santista e contribuir decisivamente com títulos para o alvinegro praiano, na última década, e com a seleção nacional.
Foi o primeiro relâmpago de um dos raios mais marcantes que caíram na maior concentração e raios do futebol mundial: o Santos FC.
*Marcelo Teixeira é conselheiro nato do Santos FC. Foi presidente do Peixe por 12 anos (1992-1993, 2000-2009), conquistou o Bicampeonato Brasileiro (2002/2004) e Paulista (2006/2007). Sua gestão revelou inúmeros ídolos do Santos como Neymar, Robinho, Diego, Ganso, Rafael, André, Felipe Anderson, entre outros.
Adriel
7 de março de 2021 at 23:55
Gostaria que voltasse um dia a presidir o Santos quem sabe, não caia um ouro raio desse acima muito acima da média!
Beto brisida
7 de março de 2021 at 15:08
Eterno Marcelo Teixeira melhor presidente do Santos