Inicialmente saudações a todos vocês leitores assíduos e ocasionais (que se tornarão assíduos, com toda certeza) do Portão Meu Peixão! Segundamente, creio que seja necessária a minha apresentação: meu nome é Ricardo Barbosa Santos, tenho 26 anos, sou um torcedor apaixonado pelo Santos Futebol Clube desde a minha infância, e, trabalho como advogado na pacata e longínqua cidade de Pindamonhangaba, na região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Sou também, desde este momento em que escrevo, o novo colunista deste belo portal que você lê!
Sem mais delongas, vamos conversar um pouco sobre o tema de hoje, vamos começar ultrapassando as quatro linhas, bem como os bastidores políticos e esportivos do Santos Futebol Clube e falar sobre o assunto que, infelizmente, reina hoje em campos, quadras, quartos, salas e leitos: Sars-Covid-2, Covid-19 ou apenas, Coronavírus.
Assumo que no meu interior, na parte mais inacessível de minha mente, gostaria que o futebol tivesse sido mantido durante todo o período de pandemia, por motivos egoístas: minha maior diversão desde que me vi apaixonado pelo Santos Futebol Clube em meados de 2002, é assistir aos jogos deste. Assim, mesmo que eu me mantenha forte, desde o começo, em meu posicionamento público, de que apenas atividades essenciais deveriam ser mantidas durante o período de pandemia, parte de mim, ansiou durante os períodos de paralisação, em ver meu time jogar.
Assim, me mantive rígido durante o primeiro pico da pandemia, que durou de março a meados de junho ou julho, em meu posicionamento público a favor das paralisações, enquanto intimamente ansiava por assistir jogos do peixe novamente.
De maneira curiosa, desta vez, me vi posicionado, de maneira igual tanto pública quanto internamente, ora pois, sabemos que assim como descrevi acima, algumas vezes demonstramos posicionamentos opostos àqueles que nutrimos em nossas cabecinhas! Desta vez, fui a favor da paralisação estadual decretada pelo governo estadual, tanto publicamente quanto em meus pensamentos, e explico o porquê.
Publicamente, temos o argumento óbvio, incontestável, de que estamos no pior momento da história de nossa nação. Nunca a frequência de óbitos esteve tão exagerada, seja em guerras, crises sanitárias ou massacres e chacinas, nosso país encontra-se numa margem dividida, onde um grupo de pessoas marcha em direção à suas precoces mortes, enquanto outro se esconde em suas casas como se houvesse um lobo mau soprando às suas portas. A questão é que realmente há um lobo turbinado e capaz de soprar portas e paredes de concreto, metal e comer todos os porquinhos (lavem as mãos)!
Estamos em uma crise sem precedentes, e a manutenção de atividades esportivas é inaceitável, sejam estas em nível amador ou profissional. Ainda que aleguem possuir as devidas condições de se manterem através de rígidos protocolos e testagens periódicas, trata-se principalmente de uma questão de exemplo. Num estado onde a população está tão dividida e é extremamente influenciada, exemplos determinam muitas vezes as atitudes das pessoas.
O futebol é esporte, o futebol é espetáculo e ainda mais do que tudo, o futebol é exemplo, o futebol é sonho, é o modelo que leva milhões de garotos e garotas de nosso país a buscarem quadras, campos e terrenos baldios, de chinelos, traves e poeira. Em busca de melhores condições financeiras, bem como, de simplesmente poder trabalhar fazendo aquilo que amam! Como seria possível ensinar crianças e adolescentes que estes devem permanecer trancados em suas casas enquanto jogadores seguem disputando competições como se vivessem em ambientes opostos à realidade, onde estes não são afetados pela doença que nos cerca? Não é possível!
Como uma mãe, nos morros periféricos do Rio de Janeiro, teria condições de convencer seus filhos a permanecerem dentro de seus quartos, dentro de seus barracos, quando o ídolo do time é preso em um cassino clandestino durante o pico da pandemia? Todos os argumentos favoráveis à manutenção dos campeonatos de futebol, vão por água abaixo, a partir desse momento, assim como diz o colega Rodrigo Mattos, da UOL: O PROTOCOLO NÃO É SEGURO.
Pode se tratar apenas de uma decisão tomada com fins políticos, pode ser uma decisão “para inglês ver”, como comentou um colega comigo há pouco, no entanto, trata-se de uma decisão correta. Nos momentos em que falta a grana, cortamos a sobremesa e mantemos o almoço, e a mesma atitude deve ser tomada por nossos governantes em momentos como este, as paralisações de atividades não-essenciais são necessárias, ainda que se façam por motivações demagógicas, com fins de politicagem.
Bem, praticamente encerrando o breve relato que trago, faz-se necessário ainda, ressaltar que, no caso do nosso time, teríamos uma complicadíssima sequência de jogos em dois campeonatos diferentes, um deles, sendo o mais importante da temporada. A paralisação, nos deu, assim, um proveitoso período de treinamentos, para um time recém formado e repleto de jovens que necessitam mais do que nunca, exercitar os aprendizados passados por um técnico recém contratado.
Destarte, sinto que expus de maneira resumida o que penso acerca da paralisação do campeonato paulista a vocês, caros leitores. Trata-se não apenas de uma atitude correta, como também, benéfica ao Santos Futebol Clube, que agora tem um período para implementar as ideias de Ariel Holan e aperfeiçoá-las.
No mais, vamos debater nos comentários, o que vocês pensam a respeito da paralisação?
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Peixão.