O Santos anunciou no último sábado (17), o desligamento do técnico das Sereinhas, Felipe Freitas, responsável pela categoria de base por quase 14 meses. De acordo com nota divulgada pelo clube, a decisão é devido a reestruturação do departamento de futebol feminino do Santos.
Formado em educação física com licença A da CBF, Felipe coleciona passagens por Santos, São Bento e Suzano.
Sob o comando do treinador, a equipe santista conquistou o inédito título do Campeonato Paulista Sub-17, no ano passado. Na temporada atual, o time ficou na semifinal do Brasileirão Sub-18, quando perdeu a decisão para o Fluminense.
Foi na primeira fase do Brasileirão Feminino Sub-18 em Sorocaba, que o treinador se posicionou contra o discurso de um ex-conselheiro do Santos, que havia desrespeitado a modalidade em uma live. Veja:
Em conversa exclusiva com o Meu Peixão, Felipe Freitas falou sobre sua saída do comando das Sereinhas:
MP: Foi justificado o motivo da sua saída do clube?
FF: Foi sim, pude especificar um pouco mais em uma carta aberta que publiquei. Em síntese, por ter atritos e divergências entre a comissão do Santos Sub-18 e pessoas que tomam decisões no projeto social Meninas em Campo, com quem o Santos tem parceria.
MP: Como avalia a sua passagem pelo Santos?
FF: Foi uma excelente passagem. Pegamos o grupo praticamente do zero, em meio a uma pandemia, tivemos apenas cinco meses para colocar as ações em campo, sendo que em menos de dois meses estrearíamos no primeiro campeonato. Trouxemos a primeira competição de base feminina do Santos, onde fomos campeões paulista, chegamos em duas semifinais dos Brasileiros Sub-16 e 18, e levamos três atletas para suas primeiras convocações à seleção. Tudo isso tendo estrutura e suporte inferiores a pelo menos 12 adversários enfrentados. É um saldo bem positivo.
MP: Como se sente com a sua saída de um clube que é referência na modalidade?
FF: Fiquei triste e inconformado no momento da demissão. Depois de um tempo, me senti realizado e alegre com tudo o que pudemos fazer para ajudar as meninas e o futebol feminino. Trabalhamos por resultados em campo, mas também lutamos por equidade de gênero, contra abusos sexuais e racismo, entre outras militâncias, além de poder desenvolver junto às meninas uma noção de respeito, meritocracia, entre outros princípios e valores.
MP: Quais foram as principais dificuldades e conquistas adquiridas na sua passagem pelas Sereinhas?
FF: As principais dificuldades eu prefiro não falar, foram várias, mas as derrotamos. As conquistas foram o Campeonato Paulista Sub-17, e poder trazer mais voz e notoriedade ao futebol feminino em especial, o carinho e reconhecimento de algumas atletas e pais pelo nosso trabalho.
MP: O que tem a dizer às atletas e ao clube pelo tempo que esteve no comando?
FF: Ao clube minha profunda gratidão por ter feito parte dessa linda história, onde o Rei e a Rainha do futebol mundial por décadas são e serão ovacionados. Sinto-me um privilegiado! Às atletas obrigado por tudo, contem comigo para tudo e sigam em frente, vocês estão em meu coração!
MP: Já tem algum projeto em mente? Pretende seguir no futebol feminino?
FF: Projeto nenhum ainda. Fui surpreendido por essa notícia, e estou começando a organizar os pensamentos. Talvez antecipe um projeto de criar conteúdo para jovens e adolescentes que queiram aprender um pouco mais sobre futebol e melhorar sua forma desenvolvimento. Algo que percebi necessário.
Pretendo muito seguir na modalidade! Sabe quando você se encontra em um ambiente? Quando tudo que você pensou, estudou e praticou por anos começa a fazer mais sentido? Assim me sinto no futebol feminino! Acredito que tenho muito a contribuir e a aprender aqui!
Atenção clubes! Caso estejam procurando algum treinador apaixonado pelo que faz, afim de desenvolver seu clube e contribuir com a modalidade e sociedade, estou aqui! Prometo que dedicação, comprometimento e amor não vão faltar! Podem me ligar!!!
Felipe também falou sobre o desenvolvimento do futebol de base no país.
MP: Como avalia o avanço do futebol de base para a modalidade?
FF: A base é muito importante. No masculino notamos que ela que alimenta a folha de pagamento de muitos clubes e ultimamente, tem resolvido o problema dos times que não podem ou não conseguem contratar. No feminino importa pelo crescimento que o futebol teve nos últimos três anos. Surgiram muitos campeonatos e competições em diversas categorias, com isso, criou uma demanda gigante nos clubes, com baixa oferta de meninas e mulheres qualificadas para desempenhar o profissional com qualidade. Há garotas com maturação fisiológica, mental e desportiva incompletas, atrapalhando o processo natural e qualificado. A base serve para lapidar e individualizar o processo na velocidade ideal.
MP: Qual a diferença entre treinar um time principal e um time de base?
FF: A diferença é gritante desde as metodologias, características de trabalho, até as expertises atléticas, etc. A comunicação precisa ser diferente e o processo de aprendizado deve ter didáticas adaptadas. Todavia, as fases devem se encontrar no momento de transição, e esse processo ainda está carente no futebol feminino. Quem acha que é igual, gera um conflito e um desserviço para a evolução da modalidade.
Veja o vídeo de despedida gravado pelo treinador:
João Valentim fava
23 de abril de 2021 at 21:04
Sergio Ramos, deveria ter vergonha na cara, fanfarrão, e o pior é a diretoria do santos aceitar isso, lamentável o que acontece com esse clube, sai diretoria, entra diretoria e os mesmos erros, demitir um técnico que protege suas jogadoras,e inadmissível, pobre santos futebol clube, um clube imenso e ainda com dirigentes amadores e misogenos,espero uma explicação da direção do clube. Meu apoio a esse treinador que teve a coragem de dar nomes.