Titular em dez das 11 rodadas do Campeonato Brasileiro, além de vestir a braçadeira de capitã com o Z do ídolo Zito em cinco oportunidades, a volante das Sereias da Vila Rita Bove é uma das mulheres de confiança da técnica Christiane Lessa.
Antes de chegar à Vila Belmiro, clube que defende há três temporadas, Rita jogou por cinco anos no São José. Coleciona passagens pelo XV de Piracicaba, Kindermann, Saad e Jaguariúna, onde iniciou a carreira, além de convocações pela Seleção Brasileira principal e Sub-20.
Com o meio de campo do Santos ainda em evolução, Rita observa que o setor possui bons nomes, o que permite variar a formação de acordo com o adversário e proposta de jogo.
“Estamos crescendo diariamente, melhorando a cada partida e atuando de forma mais conjunta. A competição nos permite isso, pois vamos adquirindo ritmo de jogo, entrosamento e nos encaixando melhor dentro de campo, com o passar dos jogos”, disse a volante, que só não foi capitã em partidas com titularidade da experiente atacante Cristiane.
As Sereias estão invictas como mandantes, e possuem apenas uma derrota na sétima rodada, quando perderam para o Flamengo no Luso Brasileiro por 2 a 0. Rita acredita que a mescla de atletas jovens com experientes é um dos fatores que destaca a temporada do elenco santista.
“Nós pensamos jogo a jogo, traçamos metas a cada partida, e o intuito é avançar um degrau por vez. De fato, isto tem surtido efeito, nos trazendo uma constância muito boa durante os jogos”, avaliou a meia de 30 anos.
O time manteve a base do elenco da última temporada utilizando nomes como a própria Rita, a goleira Michelle e a atacante Ketlen, além de contar com sete reforços, entre eles, a argentina Sole Jaimes, que chegou para a sua terceira passagem pelo clube.
Christiane Lessa e sua auxiliar Fabiana Guedes chegaram para reformular a comissão técnica, e a volante destacou a união do grupo durante a temporada.
“Eu credito o trabalho a todos de uma forma geral, pois como o futebol é coletivo, nós também atuamos dessa forma, é um trabalho de ‘formiguinha’. Além das instruções técnicas e táticas, não podemos descartar o quanto estamos bem fisicamente, e isso tem feito muita diferença para a sequência dos jogos. Também é importante destacar a parte de recuperação, logística e todo staff, que nos permitem realizar nosso trabalho da melhor maneira possível”, lembrou Rita.
Formada em Educação Física e pós-graduada em Fisiologia, Rita viveu o desgaste de conciliar a rotina de estudos, com a vida de atleta. Formada há dez anos, ela lembra que valeu a pena o esforço, que só foi possível, graças às parcerias dos clubes com instituições de ensino.
“A meu ver o estudo é fundamental. Sempre acreditei que esporte e educação caminham juntos e são meios para fins muito maiores. Antes de sermos atletas somos seres humanos, e é preciso se atentar à formação enquanto cidadãos. A parceria entre clubes e instituições de ensino são muito válidas, pois nos permitem expandir ainda mais o leque de possibilidades, pensando o atleta como um todo”, avaliou.
São 20 anos dedicados ao esporte, e assim como em muitos casos, Rita também contou com a influência paterna para viver o futebol. Ao finalizar a conversa exclusiva com o Meu Peixão, ela contou como se encontrou na volância.
“Comecei no futsal aos 10 anos, e aos 14 me transferi para o campo, já em uma equipe adulta e atuando no meio. A posição veio por influência do meu pai, que apesar de nunca ter jogado profissionalmente, sempre atuou em grandes campeonatos amadores, também como meio-campista. Como eu jamais havia atuado num campo oficial antes dos meus 14 anos, perguntei a ele qual função combinaria comigo, e ele foi muito pontual ao dizer que seria o meio-campo, pois eu tinha características compatíveis para isto. Desde então, eu executo a função, seja de forma mais avançada ou mais defensiva, mas obviamente que fui aprendendo e lapidando sempre um pouquinho mais, com cada treinador que tive ao longo do caminho”, completou.