Bastidores

20 anos do Museu do Santos FC

Aldo Neto é jornalista, apresentador do Canal do Peixe e ex-gerente de Comunicação do Santos FC de 2002 a 2009

No dia 17 de novembro, completou 20 anos da inauguração da maior obra deste milênio feita no maior clube de futebol do mundo: O Memorial das Conquistas do Santos Futebol Clube. A maior galeria de títulos do Futebol Mundial sempre chamou a atenção do mundo para a Cidade de Santos e para o clube que lhe roubou o nome. Após completar 91 anos de uma história marcante, recorde de títulos e de gols em uma única modalidade, todas as peças que simbolizavam marcas esportivas de lendas como Araken, Feitiço, Pepe, Carlos Alberto, Zito, Pita, Chulapa, Robinho e, é claro Pelé estavam amontoadas em prateleiras da Sala do Conselho Deliberativo, em salas administrativas e até embaixo de arquibancadas. Era vergonhoso a quantidade de turistas, até estrangeiros, que compareciam a Vila e sequer conseguiam ver as taças do Mundial que sumiram sendo substituídas por troféus simbólicos. A histórica do Santos só não se desfez antes desta data por causa do trabalho abnegado de pessoas como Francisco Mendes, que cuidou na unha dos números e da histórica do Santos sem o mínimo de recursos financeiros do clube. A ele, que recentemente nos deixou um eterno agradecimento!

Esse triste cenário mudou de vez nesta data, na maior iniciativa encabeçada pelo grande líder que foi o Presidente Marcelo Teixeira que encabeçava um time ímpar de profissionais que fez o Memorial brotar e ser uma realidade. Aproveitando o momento de volta aos holofotes com o título de 2002, o então Supervisor Administrativo, Dagoberto Fernando dos Santos, começou a negociar a renovação com a Umbro para o material esportivo e conseguiu com o então presidente da empresa, Elvio Lupo, os recursos para o museu sair do papel, cujo projeto arquitetônico foi realizado pelos arquitetos Francisco e Fernando Carol, que projetaram no Salão Rubens Quintas Ovalle como seria o aguardado museu.

Com dinheiro em caixa garantido, foi a hora de começar a estruturar. Após conversa conosco e com o nosso diretor da área, Humberto Challoub, Teixeira trouxe para coordenar o projeto, após a recusa do Francisco Mendes em ter esse papel, a competente Denise Covas Borges. Renumerada pessoalmente por Teixeira, Denise começou a organizar troféus, fotos, vídeos, enfim todo o material necessário para ilustrar e contar a maior história que o futebol mundial já viu. Para auxiliá-la, Denise trouxe o experiente arquiteto Gino Caldatto, com expertise em outros museus, e conseguiu que a Prefeitura de Santos colaborasse com o projeto cedeu o trabalho da historiadora Marjorie Medeiros. Com recursos próprios de Teixeira, o Santos adquiriu centenas de fotos de José Dias Herrera, que retratavam todos os craques em especial toda a trajetória do Rei. Com o Museu da Pessoa, ela conseguiu videos, fotos e depoimentos de uma tentativa frustrada do ex-presidente Samir em construir o Museu do Peixe nos anos 90. Denise ainda conseguiu com o São Paulo FC que fosse feitas réplicas da Taça do Mundial que era a mesma em 1962 e 63 (anos que o Santos conquistou) e em 92 e 93 (quando o SPFC tinha conquistado). A cereja do bolo foi o acordo com Pelé, através do Rogério Zili para que parte do acervo do Rei estivesse no espaço e veio conferir a obra.

Impossível não mencionar o auxílio abnegado que Guilherme Gomez Guarche (hoje coordenador do Centro de Memória do Peixe) deu com suas pesquisas e livros que auxiliaram muito na identificação dos primórdios do clube, um verdadeiro herdeiro de Francisco Mendes.

Obra realizada, acervo reunido e projetada sua distribuição era hora de dar nome ao museu. Nesse momento, entrou em cena o saudoso diretor de Administração, Athayde de Moraes, que sugeriu, em reunião, o nome do ex-presidente Milton Teixeira, o homem da Máquina do Tempo, quadro do Esporte por Esporte que virou dois livros.

Depois, a cereja do bolo: Marcelo Teixeira conseguiu um amistoso da Seleção Brasileira Olímpica com o Santos para o dia seguinte da inauguração. Depois foi só acompanhar o Challoub, o Caldatto, a Denise, a Marjorie e o emocionado e saudoso diretor Carlos Lume colocando o acervo na distribuição planejada. E organizar o evento com o apoio ímpar do Fernando Silva da Atrium Eventos. Não era um evento qualquer. Foi o encontro desta geração com a geração que recolocou o Santos no mapa, com Robinho, Diego, Léo, Alex, Renato, Fábio Costa e tantos outros. Ao lado do amigo Walmir Lopes, organizamos a coletiva dada por Pelé e Robinho juntos. O primeiro encontro dos dois craques que mudaram a história do Peixe.

A inauguração foi tão inusitada que foi transmitida ao vivo no Sportv, na TV Tribuna e na Santa Cecília TV. Imagens eternizadas que jamais serão esquecidas.

Jamais esqueceria essa data de 17 de novembro, que vi de perto: o nascimento do templo da memória do verdadeiro Templo do Futebol. Última vez que Gylmar, Lima, Calvet, Dalmo, Zito, Dorval, Mengálvio, Coutinho Pelé e Pepe estiveram reunidos, todos juntos, bem vivos na Vila. Menos Mauro Ramos, que nos deixou meses antes, mas até mesmo ele estava lá. Era possível sentir. Como é possível sentir hoje a presença de todos os ídolos eternos que se foram desta existência, mas que deixaram sua essência estancada naquele espaço.

Parabéns a todos que deram alguma contribuição para o museu sair do papel. E obrigado, especial, aos nossos craques que são a razão de ser do espaço. O espaço é limitado como minha memória que devo estar esquecendo algo importante. Sou grato a Deus, ao Marcelo Teixeira e ao Humberto Challoub por terem permitido eu ter vivido a história deste nascimento e de ter ajudado um pouco para o Memorial das Conquistas Milton Teixeira virar realidade. Como diria Carlos Roma: É um orgulho que nem todos podem ter!!!

Fotos: arquivo pessoal de Aldo Neto

Fotos: arquivo pessoal de Aldo Neto

Fotos: arquivo pessoal de Aldo Neto

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