Yefferson Julio Soteldo Martinez fazia parte de uma extensa lista que o ex-técnico Jorge Sampaoli indicou ao nada saudoso ex-presidente José Carlos Peres, como possíveis reforços ao plantel santista durante sua passagem no comando técnico do clube da Vila Belmiro. O atacante do Hachipato – CHI, time este que eu nem sabia que existia, veio sob a promessa de pagamento de 3,5 milhões de dólares por 50% dos seus direitos econômicos. Uma quantia relativamente alta por um jogador de porte físico não ortodoxo dentro do mercado futebolístico, de um país sem tradição e de um time que eu nunca tinha ouvido falar na vida. Ou seja, NINGUÉM conhecia o rapaz.
O rapaz surpreendeu, mas quem não surpreendeu foi o então presidente, que deu o calote que nos incomoda até hoje. Valorizado, no começo de 2020, o Atlético MG realizou uma proposta oficial de 12 milhões de dólares por 100% dos direitos do atleta. Grande parte da torcida endossada pela postura do então presidente, acharam absurdo vendê-lo para o próprio mercado nacional por uma quantia “tão baixa”, e o baixinho ficou, com direito a incremento nos seus vencimentos. Uma conta simples: mesmo sem pagar um tostão durante um ano ao time chileno, teríamos um lucro de 2,5 milhões. Peres, porém, disse que Soteldo só sairia por 50 milhões de euros.
O futebol do atacante no segundo ano de Santos foi menos interessante que no primeiro, suas jogadas se tornaram manjadas e uma vez que todos os zagueiros já sabiam pra onde ele iria nos seus cortes, sua estatura começou a pesar em detrimento do físico dos marcadores. Porém, é importante mencionar o jogo contra o Boca Juniors, em que foi decisivo como era no primeiro ano de Santos.
Pouco antes disso, sofrendo sanções da FIFA pelo calote que os chilenos tomaram, o Santos, por intermédio de sua gestão de transição após impeachment de Peres, para se livrar das dívidas que o impedia e impede de registrar atletas, trabalhou em duas frentes. Primeiramente, aceitou uma proposta de 7 milhões de dólares (R$ 39,5 mi) do Al Hilal, da Arábia Saudita, por 100% dos direitos econômicos de Yeferson Soteldo. O pagamento seria feito em três partes: 5 milhões à vista, 1 milhão em 15 de julho de 2021 e 1 milhão em 15 de outubro de 2021. E na segunda hipótese, deslumbrou a possibilidade de devolver os direitos econômicos do atleta ao clube de origem e permanecer com o jogador em caráter de empréstimo. Ambas as situações foram vetadas pelo jogador.
Mas o mais interessante é que, esse assunto, mesmo com a negativa do atleta chegou a ser discutido em reunião do Conselho Deliberativo, onde o então conselheiro e atual presidente Andres Rueda chega a dizer que o Santos não deveria vendê-lo por esse preço pois isso traria prejuízo ao clube com as taxas cambiais e comissões pagas aos intermediários, e que o valor não era atraente.
Ora, ocorre que hoje, seis meses depois, e com a responsabilidade de trazer austeridade financeira e derrubar de uma vez por todas o transfer ban, que já passou da hora de sumir da nossa vida, o mesmo Andres Rueda, ou pelo menos seu Comitê de Gestão, recebeu e tem como bem avaliada uma proposta do Toronto FC da MLS de 6 milhões de dólares por 75% de seus direitos econômicos. A informação apurada é que embora bem avaliada, a direção ainda tenta um incremento de 1,5 milhões e procura persuadir os chilenos a aceitarem essa transação.
A grande questão é: Rueda se posicionou contra os 7 milhões em outubro, e aparentemente se mostra atraído por 6 milhões em abril. Por que? O torcedor santista, os associados e alguns mais envolvidos com o dia a dia do clube, em janeiro do ano passado se borrava de medo do Peres vender por 12 e hoje não reclamaria em voz audível de modo algum se Rueda pegasse algo dentro dessa margem de erro de 6 a 7,5 para pagar única e exclusivamente nossa dívida com os chilenos. O que fez esses torcedores mudarem de opinião?
Na verdade, para muitos, tudo isso é reflexo de política…de dentro e de fora. Mas, como torcedor, não me importo com mudança de postura, afinal, eu o venderia e além de encerrar esse transfer ban, ainda economizaria 400 mil reais por mês. Mas curioso do jeito que sou, apenas tento imaginar o porquê. Será que percebemos que o futebol dele não vale o que achávamos que valia? Será que está nítido que falta vontade e compromisso? Será que o presidente viu que o buraco era maior do que ele imaginava, e se livrar da dívida parece melhor do que querer lucrar? Será que a reponsabilidade de gerir o clube fez ele mudar de opinião em apenas 6 meses? Será que ninguém percebe que embora seja bom jogador, nunca ganhou nada para ser chamado de ídolo como alguns o chamam, e é o vórtice do problema que nos impede de ter um elenco mais equilibrado para o desenvolvimento dos jovens talentos da base que estão sendo jogados na fogueira e podem ser queimados, perdendo valor de mercado, porque o clube não consegue sair desta miserável punição? Qual seria a melhor solução para o clube?
Presidente, associado e torcedor, agora é a hora. Pare, respire e admita. Afinal, dentro do curioso caso de Yeferson Soteldo, não é ruim mudar de opinião, basta que seja para melhor. Talvez você me pergunte: melhor de quem ou pra quem? Independente da sua preferência política dentro do clube, ou até mesmo da sua opinião sobre a venda ou não do atleta, se você é santista de verdade, não precisarei nem responder sobre quem devemos almejar ser o beneficiado…
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Peixão.
Joaquim Carlos Mauri Pereira
25 de abril de 2021 at 09:05
Temos o Copete p posição
Qdo comprou LPeres deveeia pagar Soteldo
Luan Peres ganha R$ 500 mil mes + luvas. ABSURDO
Helio
23 de abril de 2021 at 16:30
A comparação correta seria a oferta árabe de $7milhões, contra a atual dos canadenses de $8 milhões. Regra de três básica.
Gilvan
24 de abril de 2021 at 01:50
Hélio, seu cálculo básico está certo. Agora some isto a 6 meses de transferban + 6 meses de juros da dívida, e perceba o teor crítico e reflexivo sobre a mudança de postura.