O futebol é engraçado. O futebol não passa de um esporte, mas o futebol é muito mais do que um esporte. O futebol faz as pessoas experimentarem os mais extremos sentimentos. E, hoje, experimentamos o luto.
O futebol, que é só um esporte, mas muito mais do que um esporte, se despede nesta quinta-feira (29/12) daquele que encantou milhões ao redor do mundo. Daquele que marcou 1.283 gols, um recorde. Daquele, o único, que conquistou três vezes o mais desejado dos troféus, a Copa do Mundo. Daquele que parou uma guerra. Daquele que driblava com a mesma perfeição que chutava com a esquerda e com a direita, que cabeceava, que raciocinava. Daquele que saiu do posto de um jogador de futebol e se elevou ao posto de Majestade, o nosso Rei.
O dia é de luto. O dia é de tristeza. E a dor de todos os amantes do futebol é imensa. Mas a do brasileiro é maior. A do santista, nem se fale. É imensurável a perda para o Santos Futebol Clube e sua torcida. Imensurável a perda para o futebol.
Infelizmente, não nasci para ver Pelé jogar. Nasci 25 anos depois da última partida disputada pelo Rei. Vivi para conhecer e me curvar à sua história, narrada a mim, principalmente, por meus avôs Francisco e Edson, pelo meu tio-avô Nilton e pelo meu padrinho Cláudio, paulista, são-paulino, criado na Vila Belmiro assistindo ao Santos de Pelé, que já se foi e aguarda a chegada do Rei para venerá-lo.
Quis o destino que eu escolhesse, após alguns anos na infância como são-paulino, time do meu pai, do meu padrinho e do meu grande amigo José Manoel, o Santos como time do coração. Que escolha! Que privilégio torcer para o time do Rei!
Como sempre se falou, as histórias de Pelé e Santos se confundem. Pelé é Santos, Santos é Pelé. E a história está confusa. Até porque sempre falamos que jogadores vem e vão, mas os clubes permanecem, ou que nenhum jogador é maior que um clube.
É o caso mais difícil de todos. O Santos seguiu e venceu. Paulistas, Copa do Brasil, Brasileiros e até a Libertadores. Mesmo em situação financeira delicada nos últimos anos, segue gigante. Mas Pelé alcançou grandeza única no futebol e, hoje, o Santos se despede do maior ídolo de sua história, do maior nome do futebol mundial.
A história não se apaga. O Santos seguirá sendo Pelé e Pelé seguirá sendo Santos. Até porque, como nos disse um dia vossa Majestade: o Edson se vai, mas o Pelé é eterno.
Você pode contestar o Edson, mesmo sem conhecimento de causa e, por vezes, com telhado de vidro moral, como filho, como pai, como avô e até mesmo como ser-humano. O Pelé não. O Pelé é inconteste. O Pelé é único, ímpar, venerável. O Pelé é vossa Majestade. O Pelé é Rei.
O Pelé é o futebol.
O Pelé é eterno.
Depois de tanto clamar por vida longa ao Rei, chegou a hora de pedir para que Deus o receba em bom lugar em sua chegada aos gramados do plano celestial!
Cláudia
30 de dezembro de 2022 at 11:24
Lindo texto!! Parabéns!! 👏🏼👏🏼👏🏼🤍🥲