O termo africano Sankofa se traduz no português como “volte e pegue” (san – voltar, retornar; ko – ir; fa – olhar, buscar e pegar). Surgiu com o provérbio ganês “Se wo were fi na wo sankofa a yenkyi”, que significa “Não é tabu voltar para trás e recuperar o que você esqueceu”.
Resgatar em suas origens aquilo que sempre foi seu. Sankofa traduz o caminho do Santos até a final do Paulistão.
“Volta pra base e vai procurar entender”
Santos, Racionais e África parecem ter uma ligação intrínseca, quase visceral. O negro que ousa quebrar o sistema, seja com a bola no pé ou com um microfone na mão.
Se Sankofa diz que não é tabu voltar e recuperar o que se esqueceu, Mano Brown, em 2018, falou um pouco sobre o mesmo sentimento.
“Não gosto de clima de festa. O que mata a gente é a cegueira. Deixou de entender o povão já era… Se não sabe, volta pra base e vai procurar saber. Minha ideia é essa”, concluiu em discurso feito nas eleiçoes presidenciais daquele ano.
O Santos se cegou nos últimos anos. Esteve distante de sua história e de seu povo. Tensão e insegurança se tornaram palavras de ordem na gestão de Andres Rueda. O dia que sempre pareceu impossível aconteceu. Era preciso recomeçar.
Voltar pra base e procurar entender. Recordar sua grandiosidade e não desmemoriar tudo que se passou até o dia 6 de dezembro de 2023. Conhecer seu passado era a única maneira de construir um futuro promissor. E o Santos fez.
O Santos vai renascer
Assim como manda sua história, mais uma vez, o Santos contrariou a regra. Renasceu na dor e chegou à final do Paulistão no ano mais difícil de sua história. Junto de sua torcida, o Peixe deu um passo importante para resgatar os sentimentos de orgulho e alegria, que por tanto tempo estiveram distantes.
É claro, não há muito o que se comemorar em uma derrota. O dia de hoje se resume em frustração. Um dos maiores clubes do mundo não pode se contentar com o segundo lugar. A insatisfação é parte desta reconstrução. Querer chegar e vencer. O Santos Futebol Clube é isso.
Hoje, com os pés postos ao chão e a cabeça mais fria, paira a sensação de que existem motivos para acreditar. Entender que essa é apenas mais uma página de nossa história. Mesmo que tentem, não há como medir a grandeza deste clube. O Santos sempre será gigante.
De um passado e um futuro só de glórias
Ainda existe um caminho de 38 rodadas. Um longo caminho. Há tempo. Como diz Sankofa: nunca é tarde para voltar e apanhar o que ficou atrás.
O Santos vai voltar e recuperar tudo que deixou para trás.