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Resenha com a Torcida Jovem

Fala rapaziada, peixada e moçada, tudo bom com vocês? Por aqui tudo na santa paz. Hoje resolvemos bater um papo com aqueles que são responsáveis por dar vida ao espetáculo e por acompanhar o clube, como e onde ele estiver.

Sim… Fomos atrás de nossa torcida, e nesse caso específico, da mais tradicional torcida organizada do Santos Futebol Clube, a Torcida Jovem. Seu representante foi o Marcelo Caverna, diretor e mestre de bateria dessa torcida que encanta sempre que o Santos entra em campo.

Falamos sobre o momento atual, as dificuldades impostas pela pandemia, as ações sociais desenvolvidas nesse período e as perspectivas futuras.

Sem mais demoras, confere o papo aí!

MP: Como está sendo o período de pandemia? Como é acompanhar o clube fora dos estádios?

MC: Satisfação aí tá participando, pra falar das coisas do Santos Futebol Clube, pra falar da nossa nação santista e pra falar das coisas da nossa amada Torcida Jovem do Santos. Vamos lá. Mano, pra falar do período da pandemia, realmente, a gente fala disso com muita dor, com muita tristeza, porque tenho certeza que nenhum de nós, conseguiu em nossos piores pesadelos, imaginar que a gente ia viver um período tão triste, tão difícil, não é, cara? a gente lamenta pela morte de milhares e milhares de brasileiros e brasileiras, e a gente lamenta muito por milhares e milhares de pessoas que foram contaminadas, internadas, entubadas, muitas delas com sequelas, enfim, eu mesmo peguei, fui contaminado com o COVID, senti na veia aí o poder dessa doença maldita que, realmente, traz muito sofrimento e esse sofrimento também se estende pra nosso comportamento, pra nossa convivência das nossas atividades, mano.

“O nosso habitat é arquibancada.”

Tanto profissionais, como nas nossas atividades de lazer. De entretenimento. E uma dessas atividades ou a principal das nossas vidas, é o futebol que a gente tanto ama e ele que foi afetado de forma grave, perdendo a sua principal função que é a conexão com o povo, com o público, não é? E a gente pensando no futebol, a gente não consegue enxergar o futebol sem arquibancada lotada sem o povo, a festa. É a mesma coisa, jogador de futebol, jogar futebol sem a bola, não? Pra gente que é torcida, futebol sem torcida, sem público, sem a festa, sem as organizadas, não é futebol. Então, é um momento muito difícil, diferente, onde teve que se adaptar, se a readaptar. Pensando em primeiramente preservar as vidas, respeitando os protocolos. Os protocolos aí, do Governo, do Ministério da Saúde. E também se é se readaptar na forma de torcer, eu mesmo não assisto jogo em TV. A gente tá com o Santos onde como ele estiver, em todos os lugares do Brasil e do mundo, jogando na Vila, jogando aqui em São Paulo, jogando em qualquer região do mundo, a gente tá sempre com o Santos. Então, o nosso habitat é arquibancada.

“E a gente tem que relembrar que a gente conseguiu a aprovação do impeachment do então ex-presidente Peres”

A gente acompanhou os jogos, a maioria, todos em casa. Teve um relaxamento do isolamento social, onde as pessoas estavam se concentrando nos bairros, as quebradas. A gente também não pode esquecer que a gente viveu o processo de impeachment. O segundo processo de impeachment do ex-presidente Peres, onde foi um processo realmente horrível. Horrível pela questão de levar o Santos Futebol Clube a frequentar as páginas dos jornais, frequentar a mídia como um todo. Colocando a marca Santos, o nome da instituição Santos Futebol Clube na lata do lixo. E a gente tendo que tomar medidas severas pra fazer com o impeachment acontecesse, pressionando o conselho deliberativo, pressionando toda a torcida santista, a massa em geral, a se mobilizar e participar, pra pressionar o clube também, junto com a torcida jovem do Santos e as outras organizadas. Então, a gente foi às ruas, respeitando os protocolos, tentando fazer dessas manifestações que elas alcançassem os objetivos e tomando cuidado com a preservação das vidas. Pra que a gente não se contaminasse, mas a gente tem que falar sobre isso porque em meio a esse período da pandemia a gente conseguiu derrubar historicamente aquele que foi o pior presidente da história do Santos Futebol Clube. Então, em meio a pandemia, pra você ver como foi sofrido. A gente passou a assistir jogos pela televisão, coisa que a gente não faz, o nosso habitat é arquibancada, é o estádio, é a festa. A gente tem visto pela TV, a gente tá vendo só notícia triste do Santos Futebol Clube, o processo de impeachment instaurado, e a gente tem que relembrar que a gente conseguiu a aprovação do impeachment do então ex-presidente Peres.

A gente costuma ser o primeiro jogador, em muitas vezes

O sentimento de acompanhar o clube realmente, até das pessoas que se reúnem nas quebradas, em casas de amigos, que se conseguiram se agrupar, ou aquelas mesmos que assistiram sozinhos. Na final da Libertadores aí foi um sentimento estranho, porque você assistindo pelo um telão, cara, você já não é aquele primeiro jogador, que a gente costuma ser, a gente não é o décimo terceiro, a gente costuma ser o primeiro jogador em muitas vezes, a gente participa ali, empurra o clube pra vitória, pra uma virada, pra um resultado que seja pra nossa festa, com a comemoração da vitória do peixão. Então, assim, foi muito diferente esse momento, não é, meu irmão? E a gente continua vivendo esse momento. Com muita esperança da vacinação, andar, caminhar e a gente conseguir vencer a pandemia.

MP: Como e quais são as ações sociais que foram realizadas pela TJ nesse período? 

MC: Bom, no período da pandemia, a Torcida Jovem intensificou a sua tradição de ações sociais. A Torcida Jovem nos seus quase cinquenta e dois anos de história, desde 1969, a gente tem uma atuação muito grande com ações sociais e através das nossas diversas campanhas que temos dentro do nosso calendário anual, a gente intensificou e mobilizou todo o quadro associativo da Torcida Jovem do Santos. Não somente aqui na capital de São Paulo, mas como toda região metropolitana, baixada santista e interior. Além da distribuição de alimentação e distribuição de material pra higienização como álcool em gel, a gente também distribuiu cobertores, e a gente fez a maior campanha aqui na Torcida Jovem do Santos com a distribuição de mais de 2000 cestas básicas. Uma campanha linda que contou com a mobilização de todos os TJs, e de todo o quadro associativo, É bom lembrar que na época era a gestão do nosso ex-presidente Peres, e o Santos Futebol Clube não ajudou com nada, nem com o marketing pra ajudar a gente ter até número muito maior de cestas arrecadadas e distribuídas. O Santos poderia nos ajudar. Pra você ver como que o Santos tá desconectado da sua própria realidade e da sua principal função. Por que o Santos é o povo. O Santos sem torcida, sem o povo, sem a massa, ele não é nada. Não passa de uma parede, é só um estádio vazio, não? Então, a gente tem que lembrar disso.

“A gente fez a maior campanha aqui na torcida jovem do Santos com a distribuição de mais de 2000 cestas básicas”

Então, a Torcida Jovem intensificou os seus projetos sociais, esses projetos sociais que partiram da TJ, também conseguiu mobilizar as quebradas, as outras regiões onde elas também mapearam e puderam fazer também a distribuição de alimentos, distribuição de cestas básicas, distribuições de roupas, e material de higiene também nas comunidades, na zona leste, na zona oeste, na zona sul, na zona norte, na grande São Paulo, no ABC. Em toda região metropolitana, na baixada santista, regiões do interior de São Paulo, como São José dos Campos, Rio Preto e etc.

Foi realmente, emocionante e mostra o poder que nós temos enquanto sociedade civil organizada, enquanto povo. A torcida organizada consegue, nesse momento, também dar um exemplo para a própria nação brasileira, onde nós que somos feitos de quase 100% de trabalhadores e trabalhadoras, periféricos, de todas as raças, mestiços, negros e negras, de índios e índias, Descendentes de toda essa mistura, conseguimos mobilizar, se organizar e juntos a gente dar um exemplo de sociedade e de humanidade, de cuidar um do outro. A gente que é tão perseguido aí pelas mídias e por uma elite conservadora. A gente dando mais uma vez um exemplo incrível onde a gente não teve espaço na mídia e não teve espaço dentro do próprio clube pra que a gente intensificasse as nossas ações e pra que a gente também mostrasse o trabalho que a gente sempre que esta realizando pra influenciar também outros setores da sociedade a fazer o mesmo, assim como a gente fez.

Vale lembrar também que esse trabalho continua, a gente continua fazendo as nossas campanhas, a gente vai entrar em breve com a campanha solidária de arrecadação, de roupas, e a gente continua fazendo a distribuição de alimentos e cestas básicas. A TJ tem uma tradição de fazer a distribuição disso, como eu te falei, há mais de cinquenta e um anos, quando a gente vai completar cinquenta e dois anos de história, e a gente, toda terça-feira, fazemos a entrega no centro de São Paulo de marmitex, na região da Praça Pérola Byington, onde a gente se concentra, na nossa antiga sede, que ficamos por mais de vinte anos ali na Bela Vista. A gente faz a entrega ali pra moradores de rua e pessoas carentes, famílias carentes. Saímos da  praça e vamos até o centro de São Paulo E atingimos com essa ação diversas famílias e moradores de rua pela região do centro de São Paulo.

Isso é realmente muito gratificante, prazeroso e a gente faz isso com a ajuda do nosso quadro associativo da colaboração de muitos associados e às vezes a gente tem que fazer rifa, tem que rifar uma camisa, fazer um determinado tipo de rifa aqui, acolá, porque a gente tem muita dificuldade pra ter material, pra fazer a distribuição, pra gente ter alimentação, pra gente ter a cesta básica, pra gente ter o cobertor, enfim, não é fácil conseguir isso sem apoio privado, sem apoio financeiro e sem apoio do Santos Futebol Clube também.

Você e qualquer santista, qualquer pessoa pode acompanhar essas ações onde nós sempre estamos postando em nossas redes sociais, no YouTube, no Facebook. Essas ações ocorrem semanalmente na cidade de São Paulo e outras regiões do estado.

MP: O trabalho das bandeiras nos estádios é uma marca desse período sem jogos, quais ações foram tomadas pela TJ?

MC: É o que ficou nesse estádio vazio, não é? Nesse estádio de luto. Porque um estádio sem torcida, realmente é um cemitério cara É horrível mesmo. São as nossas bandeiras que simbolizam a festa, simbolizam milhões e milhões de torcedores. E simbolizam também a identidade da nossa arquibancada, da nossa torcida, dos nossos craques, dos nossos esquadrões. Nossos grandes times e mediante a nossa longa história de conquistas e glórias. Então, o trabalho feito pela torcida o seu departamento de bandeira se intensificou.

A torcida é diferente, a torcida chora, é apaixonada, ela está lá, empurra time”

Porque vale lembrar que antes de tudo isso acontecer, o movimento elitista da criação das arenas, do futebol moderno, da higienização dos estádios, onde retiraram o povo, retiraram as torcidas organizadas e colocam pra que aqueles consumidores assistam o jogo. Que não é mais torcedor, é consumidor. Aqueles mesmos lá que assistem um jogo, se o time tá perdendo, eles levantam, vão embora pra casa e ficam destruindo a história do clube em redes sociais. A torcida é diferente, a torcida chora, é apaixonada, ela está lá, empurra time quando está de frente pra uma derrota, empurra o clube pra uma virada. Tá com o Santos onde e como ele estiver. Enfim, e olha nós de novo fazendo o nosso papel, mostrando o quanto o torcedor é o maior patrimônio do clube, o torcedor é o clube, na verdade. E o consumidor é apenas um, consumista. Consome o que convém, se o clube ganha, ele tá com o clube, se o clube não tá bem, ele não tá com o clube. Então, esse tipo de comportamento, não tem a ver com a realidade do futebol, do futebol arte, do país que consagrou esse esporte e tornou esse esporte o mais popular do mundo.  

“E falando, das bandeiras, a gente intensificou o projeto. Porque agora a gente faz a decoração no estádio inteiro, é um trabalho árduo”

Foi a massa, foi os grandes públicos historicamente que a gente tem aí, principalmente na década de setenta. O período dos estádios com mais de cem mil pessoas e o Santos tem diversas marcas dentro dessa história. E falando das bandeiras, a gente intensificou o projeto. Porque agora a gente faz a decoração no estádio inteiro, é um trabalho árduo. Onde temos que mobilizar uma equipe tem que respeitar os protocolos. A gente tem que também chegar num horário determinado, pela organização da CBF ou da CONMEBOL, ou da Federação Paulista, cada uma com uma organização diferente da outra, tem a retirada desse material também. Enfim, é um trabalho exaustivo, prazeroso por estarmos ali representando milhões e milhões de torcedores que não podem estar no estádio, um trabalho prazeroso por estar representando a nossa Torcida Jovem do Santos, historicamente, mas ao mesmo tempo triste, estender nossas bandeiras, nossas faixas e um momento onde milhões de pessoas estão morrendo e nós não podemos estar no estádio.

MP: Como está sendo a relação com o associado da TJ diante das restrições sanitárias?

MC: Bom, a relação com os associados, ela é uma relação muito difícil, assim como o momento nos apresenta um momento difícil. Porque quando a gente tem um negacionismo que parte do Poder Federal, da principal instituição de poder do país, onde tratou a pandemia como uma gripezinha, tratou a pandemia de qualquer jeito, levando a milhares e milhares de brasileiros a ter essa descrença da doença, de tratar a doença como “não é tudo isso”, fica difícil pra nós, como entidade, pressionar o associado, que vive uma confusão dentro da realidade nacional, entre os poderes que deveriam estar alertando e trabalhando em prol de uma ação pra enfrentar essa pandemia, educando o povo, preservando a vida de milhares de pessoas. Fazendo um conjunto de medidas pra prevenir o contágio e fazendo também a melhor distribuição de renda através de ações e de distribuição de renda. Não só pra população carente e para os trabalhadores, mas também para o pequeno comércio que tá fechado aí novamente, enfim, o que faltou foi uma gestão, uma gestão verdadeira, profissional, unida entre todos os poderes pra enfrentar essa que é a pior pandemia que nós estamos vivendo na história. E isso tudo vai cair no colo da direção da torcida organizada, onde ela recebe milhares de associados, e como você vai cobrar isso dessas pessoas? A gente fez um trabalho nas regiões, pedindo “não se aglomerem, não se juntem, fiquem em casa”, a gente tenta fazer esse trabalho de educação, de conscientização, mas é um trabalho muito difícil devido as ações do “Desgoverno Federal”, se é que a gente pode chamar assim. Onde tratou a pandemia de qualquer jeito e, por isso, nós estamos aí enterrando milhares de irmãos e irmãs, dia a dia, batendo recordes. Então, fica muito difícil pra torcida organizada lidar com tudo isso. A gente manteve a quadra fechada quando assim foi estabelecido pelo Governo do Estado de São Paulo, a gente não promoveu telões, a gente promoveu encontros, quando houve uma fase mais branda, onde foi permitido abrir a quadra, a sede, a gente abriu a sede, com os cuidados, respeitando os protocolos, com pessoas de máscara, com álcool em gel na sede toda. Tivemos dois únicos momentos onde a gente promoveu o telão, que foi na semifinal contra o Boca Juniors e a final contra os “porco”. Foram os únicos dois momentos durante a pandemia.

E lembrando que mediante a isso a gente atende o associado, a gente tá fazendo o trabalho via internet, lançamos um site onde a gente consegue atender o associado a distância, ele quer pagar sua mensalidade, quer fazer um recadastramento, a gente promoveu um recadastramento dos associados, para que a base cadastral seja atualizada, até também pra gente responder determinações do Ministério Público de São Paulo, onde a gente tem que digitalizar o nosso quadro associativo, que ainda era feito em uma pasta, eram por fichas. Então, a gente tinha uma determinação do Ministério Público, que a gente tem que ter esse quadro associativo digitalizado, e a gente tá fazendo isso, revolucionando, fazendo um trabalho aí que nunca foi feito na história da Torcida Jovem. Começamos com o recadastramento, na capital de São Paulo e depois fizemos na baixada, fizemos um dia presencialmente, com descontos especiais e fizemos um dia também na baixada presencialmente com descontos especiais, a gente continua agora o recadastramento que pode ser feito pelo site da Torcida Jovem do Santos e no próprio site você também tem a loja da Torcida Jovem do Santos, onde você pode comprar os artigos. Lembrando que, só pode comprar os artigos sócios em dia, tá? Então, a gente tá aí com um trabalho em prol a nossa entidade, em prol ao crescimento da Torcida Jovem do Santos e da nossa coletividade santista. 

“E a gente tenta de todas as formas preservar a vida dos nossos associados.”

Concluindo sobre essas questões e sobre a relação nossa com os associados da TJ. Mediante as restrições sanitárias, é uma relação de respeito à ciência, respeito as determinações da Organização Mundial de Saúde, a da Secretaria de Saúde de São Paulo e, principalmente, de olho, com todo respeito às determinações da ciência. Agora, voltando a dizer, estamos lidando com uma sociedade que vive uma guerra ideológica, uma sociedade que está sendo bombardeada por fake news, um governo negacionista. E pra que a torcida organizada lide com isso diante da nossa diretoria, é uma tarefa árdua, uma tarefa muito difícil, não é fácil Tenho certeza que você entende do que eu tô falando, porque você também acompanha, todos nós acompanhamos aí diariamente e a gente tenta de todas as formas preservar a vida dos nossos associados.

MP: A TJ está preparando alguma ação para quando houver a liberação de público nos estádios?

MC: Sobre essa questão de estarmos preparando algo, quando houver liberação, a gente já tá preparado desde 26/09/1969. A festa é o nosso oxigênio. Então, pode ter certeza que a gente tá preparado, a gente já está preparado pra fazer, talvez, a nossa maior festa de todos os tempos, pra comemorar, talvez, o maior título da nossa história, que vai ser o final dessa pandemia, o fim de tantas e tantas mortes de irmãos e irmãs que estão aí sofrendo com o COVID-19. Pode ter certeza que a torcida vai estar preparada como sempre, vamos fazer a maior festa de todos os tempos. 

Vamos fazer a maior festa de todos os tempos.”

MP: Como a TJ avalia essa temporada que se encerrou?

MC: A avaliação que a gente fez dessa última temporada, é uma avaliação de certa forma positiva, não de conformismo; mas sobre a real situação do clube, que sofreu dois processos de impeachment, onde o clube esteve envolvido nas piores manchetes dentro do noticiário esportivo, levando a marca Santos, o nome Santos Futebol Clube na lata do lixo. Isso fez vários problemas com atraso de salários, falta de pagamentos, a gente não podendo contratar ninguém, correndo risco de punições com perdas de pontos, enfim, foi o pior ano da história do clube, somado ao pior ano das nossas vidas com a pandemia. Tivemos desclassificações desastrosas como na Copa do Brasil, contra o Ceará, tivemos situações desastrosas como a desclassificação contra a Ponte Preta, e fizemos um Campeonato Brasileiro muito aquém daquilo que a gente pode realizar, pela grandeza do nosso Santos Futebol Clube. Perdemos algum  jogos de maneira esdrúxula, horrível. Porém, o time na Libertadores mostrou uma grande superação e chegou a fazer jogos honrando realmente as nossas tradições com grandes vitórias e convencendo. Com a marca do Santos, a marca da ofensividade, a marca do futebol alegre, da ousadia, da alegria, isso sim, deu além de um conforto no nosso coração, deu esperança, de dar essa alegria, a nossa maior conquista realmente é ver o Santos jogar esse futebol ousado, alegre.

“O Cuca errou demais nesse jogo”

E a gente indo para uma final do jeito que a gente foi. Infelizmente, a gente perdeu essa final. E a gente tem que falar disso com muita dor, mas pela falta de tudo isso que a gente acabou de citar, pela falta de ousadia, pela falta de alegria, pela falta do futebol, o Santos Futebol Clube. A gente fez um futebol horroroso, foi um jogo horrível. Um jogo de dois times que jogaram com medo um do outro, o Santos foi medroso, o Cuca errou demais nesse jogo. Mas a avaliação que a gente faz é uma avaliação positiva mediante a gente enfrentar um quadro muito mais negativo do que positivo. Então, foi um ano de superação pra todos nós enquanto seres humanos e também para o clube que viveu a sua pior parte da história. A pior gestão do Santos Futebol Clube, enfrentando a diversidade, tantas adversidades e o Santos honrou suas tradições de estar disputando o título do principal campeonato do nosso continente. Claro que a gente fala isso sem conformismo, porque o Santos tinha que ter chegado e ganhado esse campeonato, porque o futebol que o Santos apresentou principalmente contra o Boca Juniors e o Grêmio, se jogássemos aquele futebol, a gente atropelava os porcos.

“Mas a avaliação que a gente faz é uma avaliação positiva mediante a gente enfrentar um quadro muito mais negativo do que positivo.”

MP: Qual a avaliação da TJ no comportamento dessa nova diretoria e quais as expectativas para essa temporada?

MC: Sobre a nova diretoria do Santos Futebol Clube, fazer uma avaliação agora é muito prematuro. A gente não tem capacidade de poder fazer uma análise agora, porque seria até injusto. Essa diretoria assume o clube com terra arrasada, o clube vindo de um processo de transição após um impeachment histórico no clube, enfrentando “transferbans”, uma dívida aí em torno de R$700 milhões, com jogadores que saíram do clube, como o Lucas Veríssimo e o próprio Pituca, enfraquecendo o elenco, e o próprio ex-técnico Cuca, após um fracasso na final da Libertadores de maneira covarde, abandona o cargo.

“Então, a gente apoiou também a Chapa do Rueda no final, após as sabatinas, após um consenso aí de ideias e de pesquisa.”

E com essa dificuldade financeira e com todos esses problemas, não é fácil assumir o clube, não é em um estalar de dedos pra se fazer uma mágica e tudo mudar em apenas alguns meses. Então, a gente tem que ter coerência acima de tudo, paciência e apoio pra que essa gestão cumpra com a agenda que foi prometida no meio da sua da sua campanha. A própria Torcida Jovem dos Santos promoveu historicamente a primeira sabatina da Torcida Jovem pra massa santista, para as torcidas organizadas, pra própria Torcida Jovem, todo o seu gigante quadro associativo. A gente fez lá sabatina com todos os candidatos a presidente do Santos Futebol Clube, com uma pauta, com perguntas relacionadas aos interesses do Santos Futebol Clube e massa santista, a arquibancada, a Torcida Jovem do Santos, não somente aquelas perguntas que vão ser direcionadas só ao futebol e a questão financeira do clube, só os negócios. A gente só fala de negócio, só capital, onde a gente esquece do principal assunto que é a paixão e o torcedor que é o clube, ouvimos todos e após ouvir todos os candidatos, a gente também não ficando em cima do muro, se posicionou no momento que havia total necessidade da gente se posicionar pra que a gente escolhesse o melhor para o momento pro Santos Futebol Clube sair desse buraco que ele se encontra. Então, a gente apoiou também a Chapa do Rueda no final, após as sabatinas, após um consenso aí de ideias e de pesquisa. E a gente tá aqui apoiando e acima de tudo também fazendo o nosso papel histórico de órgão fiscalizador do Santos Futebol Clube, fiscalizando também essa gestão para que ela cumpra com tudo que foi prometido, assim levando o Santos Futebol Clube ao lugar que ele merece estar, que é no pódio, no lugar número um. Um clube vencedor com muitos títulos e honrando a sua grandeza, sem torcida não existe. Então a gente tem que lidar com isso, tem que falar sobre o principal patrimônio do clube que é a torcida. E a gente abordou isso com todos os candidatos, de maneira democrática.

“Entendendo também um novo projeto, com novo técnico, entendendo as dificuldades, e enfrentando isso, com todo o apoio que a Torcida Jovem pode dar.

Continuando a falar sobre a nova gestão, a nova diretoria, a gente fica agora com as expectativas, ficamos agora com o apoio incondicional ao Santos Futebol Clube, e que seja cumprido toda essa agenda que foi prometida em campanha. E ficamos também com a fiscalização que cabe a Torcida Jovem diante da sua história como órgão fiscalizador do Santos Futebol Clube. Entendendo o momento, que é o momento onde o elenco tá sendo formado aí com a nossa garotada, entendendo também um novo projeto, com novo técnico, entendendo as dificuldades, e enfrentando isso com todo o apoio que a Torcida Jovem pode dar. 

MP: É um ano de reestruturação financeira, com técnico novo, diretoria nova e restrições na FIFA ou seja, vamos recorrer a base, qual o papel da TJ no apoio aos nossos meninos da vila?

MC: A gente tem essa expectativa, realmente, de um trabalho do novo técnico, e que seja um trabalho vitorioso, um trabalho revelador, que seja um trabalho que honra as características do Santos Futebol Clube, essa característica de futebol ofensivo, um futebol ousado, alegre, um futebol contagiante e que com tudo isso venham as vitórias. Então, a gente tem um apoio incondicional, um apoio histórico. Se eu acho que nossa a base é um dos segredos a gente tem que exaltar, e o apoio da massa santista e o apoio da Torcida Jovem do Santos desde aqueles jogos dos Meninos da Vila, de setenta e oito, onde a Torcida Jovem lotava todos os estádios, principalmente. Santos quando jogava muito no Morumbi, com grandes públicos, com jogos com mais de cem mil pessoas, e a Torcida Jovem gigantesca apoiando incondicionalmente os Meninos da Vila. Isso virou uma tradição e acabou influenciando toda a massa. Então, esse apoio continua! Um dos segredos da nossa base ser vitoriosa é o apoio da massa santista e da Torcida Jovem do Santos e eu tenho certeza que com todo esse apoio, com a continuidade da nossa tradição de apoio, essa base vai continuar sendo vitoriosa.

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