Fala rapaziada, peixada e moçada, tudo bom com vocês? Empolgados ainda com a atuação do Krossmacho? Pois é, o cara chegou e tem dado conta do recado. E que bom! Que novos ventos soprem lá pelos lados do Reino do Futebol.
Gostaria de deixar registrado os dez anos do tri da Libertadores, celebrados ontem, e aproveitar para refletir sobre esse momento com vocês. Afinal de contas, quem mais tem a honra de ter três estrelas como essas? São poucos times, o que dá a dimensão, do que é o Santos Futebol Clube. Um gigante.
Ocorre que esse gigante, começa a se comportar como um leão de zoológico. Sim, todos sabemos que o leão é o Rei da Selva. Imponente, dominante, um conquistador, mas quando em cativeiro e alimentado de forma rotineira, e sem exigir um esforço para tal, começa e deixar seus instintos de lado e passa a viver de “sombra e água fresca”, fica meio preguiçoso, engorda e já não coloca tanto medo assim.
Lá se foi uma década de títulos continentais, mais de uma década de títulos nacionais, e seis anos de títulos estaduais. Eu, como um Menino da Fila, já começo a ficar preocupado. Não consigo aceitar que um time da grandeza do Santos Futebol Clube possa ficar tanto tempo sem conquistar um título, isso não é normal. Não se esqueçam: somos o Leão do Mar, cadê o nosso instinto por vitórias, por títulos?
Tenho um filho de 6 anos, que não sabe o que é gritar “é campeão””, e não quero que ele passe pelo que passei. Óbvio que isso nunca diminuiu o que sentia e sinto pelo clube, mas sei bem como foi cruel o período escolar com os rivais comemorando e eu sem entender como o time do Rei não conseguia vencer grandes competições. Algo precisa ser mudado urgentemente na mentalidade do clube. E não me venha falar que é falta de grana, pois nesse período o Santos já vivia duro, e não saiu da fila, nem conquistou a América novamente com um investidor colocando dinheiro no clube.
Me preocupa o discurso de parte da torcida que acha normal essa escassez de conquistas, e que atribuem esse período sombrio às vacas magras. Vi um clube grande definhar e foi exatamente com esse discurso, quando o Botafogo começou a aceitar que não cair já era uma coisa boa e que seus rivais é que deveriam ser campeões. Afinal, eles tinham os investimentos e apoio da mídia. Bom, o fim tem chegado para eles de forma lenta e dolorosa.
Conheço meu clube, sei de sua grandeza e jamais poderia aceitar o ostracismo, mesmo que temporário. Me apaixonei por esse clube, em um dos momentos mais difíceis de sua história, mas enfrentamos, de cabeça erguida, com honra e coragem, e uma torcida atuante, engajada, e que foi o alicerce para uma retomada triunfante, que culminou com títulos nacionais e a América diante de nossos pés novamente. Este é o Santos, um time valente, ousado, que sai do litoral, sobe a serra para tirar das mãos dos endinheirados suas taças e mostrar que o futebol vai além do dinheiro. O Santos, que tem o prazer de ser o time do Rei, não pode se contentar com tão pouco.
Não quero terceirizar o problema, nem remover o passado. A verdade é que o clube é meu. É seu, torcedor. É nosso. E nós devemos liderar essa retomada. Esperamos demais de gestores, dirigentes e figuras que nunca chutaram uma bola na vida. Que vontade de ver os estádios cheios novamente para incentivar o nosso clube, cobrar melhorias e empurrar essa máquina de fazer gols que é o Santos Futebol Clube. Somos a resistência.
Viva o Santos, viva o time do Rei, viva nós, torcedores. Soltem as cornetas, liberem a fera, recoloquem o campeão no mais alto lugar. Não podemos esperar 18 anos novamente.