Era 28 de agosto de 2018, quase três anos atrás, e era dia de Libertadores: a volta das oitavas de final entre Santos e Independiente, no Pacaembu. O ingresso já estava comprado e a programação agendada.
À época, eu estagiava no Grupo Liberado Júnior de Comunicação e estava eu na redação da revista, seguindo meu dia a dia, quando vem a notícia: o empate em 0 a 0 na Argentina pelo jogo de ida se transformara em 3 a 0 para os argentinos pela escalação irregular de Carlos Sánchez, a história que todos já, infelizmente, conhecem.
O sangue subiu e aquela burocracia que influenciara no resultado do campo me perturbaria pelo resto do dia.
Fui ao estádio com meu tio Jorge, um amigo dele e meu primo Gustavo, então com 9 anos.
Ainda antes da partida, o clima já era diferente do normal. A torcida, inflamada pela decisão judicial, já protestava contra a Conmebol.
Na etapa inicial, Gabigol perdeu duas grandes oportunidades de colocar o Santos na frente e seguir sonhando com uma improvável classificação.
Aos 43, veio um pênalti para o Independiente. Meza bateu e Vanderlei pegou. O Pacaembu explodia e ainda restava um pingo de esperança.
No intervalo, a equipe não desce para o campo, repetindo o time vice-campeão brasileiro de 1995.
No segundo tempo, no entanto, o Santos comandado por Cuca não conseguiu encaixar uma boa atuação e até sofreu mais contra o Independiente de Ariel Holan, ele mesmo.
Conforme o tempo passava e o milagre da classificação ficava mais distante, a torcida ficava mais irritada e os protestos contra a Conmebol aumentavam.
Aos 35, veio a primeira bomba, próxima ao banco de reservas dos argentinos.
Aos 36, as tentativas de invasão ao gramado começaram e os jogadores rivais já pediram para deixar o gramado.
Vendo o clima tenso e com meu primo pequeno, decidimos nos retirar antes das cadeiras do Setor Manga do Estádio Paulo Machado de Carvalho.
Como o carro estava do outro lado do Pacaembu, tivemos que descer as escadarias e atravessar a Praça Charles Miller. No exato momento, que atravessávamos a praça, a confusão se espalha para o lado de fora. Corremos e conseguimos sair do tumulto.
Ao chegar no carro, diversas mensagens e ligações preocupadas conosco, de familiares e amigos vendo aquelas cenas lamentáveis na televisão e sem saber o que acontecera.
No final, tudo deu certo e saímos ilesos da confusão.
Cuca saiu, voltou, chegou à final da Libertadores, perdeu e está no Atlético-MG.
José Carlos Peres continuou a gastar os tubos e endividar o clube, foi afastado e sofreu impeachment.
O Santos? Vai indo, mal financeiramente, mas grande, enorme, gigante, como sempre.
O jogo? Nunca acabou, mas o Santos foi eliminado daquela Copa Libertadores da América, nas oitavas de final, pelo time de Ariel Holan que viria a ter uma fracassada passagem pelo Peixe neste 2021 e a Conmebol ficou com a imagem ainda mais arranhada com o torcedor alvinegro.
FRANCISCO ERNESTO DO ROSARIO
15 de julho de 2021 at 08:15
HISTÓRIAS DO NOSSO GLORIOSO E INFINITAMENTE GRANDE SANTOS, PORÉM SEMPRE MAL COMANDADO, PARA NÃO DIZER SACADO SEM PERDÃO E IMPUNES.