Opinião

Parabéns, Presidente e Demais Envolvidos

O que o Santos Futebol Clube vem passando nos últimos anos é vergonhoso, sendo um acumulo de gestões incompetentes, totalmente despreparadas e que tomaram diversas decisões erradas.

Todavia, vou me ater a comentar apenas sobre a atual gestão do Peixe, liderada pelo Presidente Andres Rueda, iniciada no começo de 2021.

De fato, quando a gestão atual assumiu o comando do Clube, o mesmo se encontrava sem dinheiro em caixa, com diversas dívidas, recebendo valores pífios de patrocinadores, além de se encontrar impossibilitado de registrar novas contratações, em razão do transferban imposto pela FIFA.

O início da gestão de Andres Rueda já demonstrou o tom de sua gestão, onde os destaques do elenco seriam vendidos, as jovens da base teriam espaço e as contratações seriam apostas baratas.

Ao longo do ano de 2021, dos jogadores que faziam parte do elenco que encerrou a temporada anterior, tivemos as saídas de Yeferson Soteldo, vendido ao Toronto (CAN) por R$ 32 milhões; Jonathan Copete e Vladimir, ao final de seus contratos; Luan Peres, negociado junto ao Olympique (FRA), por R$ 28 milhões; Kaio Jorge, contratado pela Juventus (ITÁ), por R$ 18.5 milhões; Alison, que se transferiu para o Al-Hazem (SAU), por R$ 4.2 milhões; e, por fim, Lucas Veríssimo, que se mudou para o Benfica (POR), por R$ 41 milhões.

Excluindo os valores da negociação de Soteldo, pois o Alvinegro Praiano repassou os valores ao Huachipato (CHI), o clube gerou transações na casa dos R$ 90 milhões.

Pois bem, ao longo da temporada de 2021, o Santos realizou as contratações de Camacho (Corinthians), Luizinho (Coritiba), Léo Baptistão (sem clube), Diego Tardelli (sem clube), Jandrei (sem clube) e Emiliano Velázquez (sem clube), todos sem custos. Moraes (Atlético-GO), Marcos Guilherme (Internacional), Danilo Boza (Mirassol), Vinicius Zanocelo (Ferroviária), Lacava (Academia Puerto Cabello) e Augusto (Real Madrid Castilla) chegaram por empréstimo.

Resta claro que o investimento do Santos em contratações ao longo de 2021 foi baixíssimo, pois não foi necessário arcar com quaisquer valores junto aos clubes que os atletas tinham vínculo, além de que diversos atletas sem equipe desembarcaram na Vila Belmiro.

A postura da gestão do Alvinegro Praiano em 2021 demonstrou que o preço pela economia é muito caro, uma vez que a equipe quase caiu no Campeonato Paulista, foi eliminada na Fase de Grupos da Libertadores, foi eliminada nas quartas-de-finais da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana e, por fim, brigou contra o rebaixamento no Brasileirão até as rodadas finais.

O torcedor santista pensou que o ocorrido em 2021 não se repetiria no ano seguinte, todavia a história foi a mesma.

Diversas foram as vendas, rescisões e não renovações que o Clube efetuou no ano de 2022, das quais destaco as transações de Jean Mota, negociado junto ao Inter Miami (EUA) por R$ 2.8 milhões; Marinho, vendido ao Flamengo por R$ 8 milhões; Kaiky, que se juntou ao Almería (ESP) por R$ 37,5 milhões, dos quais 70% dos direitos eram do Peixe; e, por fim, Léo Baptistão (ESP), que também se mudou para o Almería (ESP) por R$ 7.8 milhões.

Na temporada de 2022 o Peixe contratou diversos atletas, vide Eduardo Bauermann (pré-contrato), Ricardo Goulart (sem clube), Maicon (Cruzeiro), William Maranhão (Bahia), Byan Angulo (Cruz Azul – MÉX) e Nathan Santos (Boavista – POR). Por empréstimo chegaram Bruno Oliveira (Caldense), Auro (Toronto – CAN), Rodrigo Fernández (Guaraní – PAR), Jhojan Julio (LDU – EQU), Luan (Corinthians) e Yeferson Soteldo (Tigres – MÉX).

Resta claro que o Santos apostou em contratações sem custos e em empréstimos, muitas das quais não podem nem mesmo serem qualificadas como “bom e barato”. Acerca do péssimo aproveitamento em contratações ao longo da gestão de Rueda, vale a pena a leitura da matéria produzida pelo colunista do Meu Peixão, João Bertuzzo.

Dentro de campo, os resultados pífios continuaram no ano de 2022, com o Peixe brigando contra o rebaixamento no Paulista, até a última rodada; ocupando a 12ª colocação no Brasileirão, após lutar contra a zona do rebaixamento por boa parcela da competição; e, por fim, ser eliminado na Sul-Americana nas oitavas-de-final, para o Deportivo Táchira (VEN).

A temporada de 2022 do Alvinegro Praiano se encerrou em 13 de novembro, tendo em vista a Copa do Mundo do Catar. Com isso, o torcedor imaginou que os comandantes do Santos teriam aproximadamente dois meses para colocarem a casa em ordem, organizar o clube e buscar boas contratações.

Pois é, mas ficou só na imaginação.

O ano de 2023 é uma continuação do que ocorreu nos anos anteriores, não realizando contratações de peso e com apostas que causam estranheza.

É cristalino que Andres Rueda não entende absolutamente nada de futebol. Contudo, ele não precisa entender de futebol, mas colocar pessoas capacitadas para ocupar cargos importantes, o que ele não o fez.

Diversos foram os técnicos que comandaram a equipe desde o início de seu mandato: Ariel Holan, Fernando Diniz, Fábio Carille, Marcelo Fernandes, Fábian Bustos, Lisca, Orlando Ribeiro e Odair Hellmann. São oito técnicos em pouco mais de 25 meses, uma média de um treinador a cada três meses.

Durante boa parte da gestão, o Santos ficou sem um homem forte no futebol, e até mesmo Edu Dracena pediu demissão em julho de 2022. Posteriormente, o ídolo do Santos disparou diversas críticas contra a gestão atual. A contratação de Paulo Roberto Falcão deixou a torcida dividida, pois o mesmo não tem nenhuma identificação com o Santos Futebol Clube.

Sobre Paulo Roberto Falcão, claramente penso que é um bom profissional, mas com o modelo de negociações adotado pelo Clube, dificilmente conseguirá colher frutos.

Dentro de campo, os resultados são assombrosos, e isso é claro para qualquer torcedor. Contudo, caso você ainda tenha alguma dúvida ou a memória lhe falhe, cito a matéria produzida pelo jornalista Caio Caju, do Meu Peixão.

O estopim não foi a derrota sofrida hoje para o Palmeiras ou o fato do Santos ocupar a última colocação no Grupo A e brigar contra o rebaixamento no Campeonato Paulista, mas sim a péssima gestão exercida por Andres Rueda, membros do Comitê Gestor e Diretoria desde 2021 no que tange ao futebol profissional masculino.

A ausência de contratações, principalmente de peso, revolta a torcida santista, pois o elenco claramente é frágil, necessitando de reforços para ao menos fazer uma temporada digna.

É vergonhoso o que vem sendo feito com o Santos Futebol Clube.

De fato, compreendo que a gestão atual não é culpada por todas as mazelas que afligem o Peixe, pois é um acumulo de anos de gestões incompetentes, como já dito anteriormente.

Todavia, questiono qualquer torcedor, acerca dos resultados de 2022 e deste ano: o Santos é inferior ao Deportivo Táchira da Venezuela? Tem um elenco inferior a Guarani, São Bernardo e Água Santa? Pois bem, reflita.

O elenco do Peixe, além de frágil, demonstra pouca vontade dentro de campo, com oscilações incompreensíveis e erros que um jogador profissional não poderia e não deveria cometer.

Particularmente, penso que o ciclo de certos atletas deste elenco com a camisa santista acabou há muito tempo, principalmente por alguns serem líderes no plantel. O falecido treinador húngaro Béla Guttmann, um dos maiores técnicos da história do Benfica (POR) e descobridor do talento Eusébio, pensava que o ciclo de um treinador em uma equipe era de três anos, e após este período seria difícil motivar o atleta. Porém, penso que essa teoria deve ser estendida por analogia aos atletas, pois é costumeiro ver jogadores caírem de rendimento após dois ou três anos, e diversos são os exemplos recentes disso no Peixe.

Pois bem, no caminho que o Santos se encontra, o ano de 2023 será trágico e os atuais comandantes entrarão para a história por serem os primeiros a conseguirem rebaixar o Santos Futebol Clube em alguma competição.

Não direi que sou adepto da renúncia de Andres Rueda, pois a dúvida pairaria sobre quem assumiria o comando e se este profissional estaria capacitado para tal função neste momento.

Ademais, resta claro que as diversas promessas do comandante máximo do Clube são ilusórias. Aqui, me reporto a entrevista concedida à Radio CBN, onde prometeu que o Santos viria forte para 2023; bem como à Gazeta Esportiva, em 2021.

A paciência de quase toda a torcida acabou, vide o que ocorreu recentemente com a Sangue Jovem e Torcida Jovem. Em uma rápida pesquisa em redes sociais ou conversa com torcedores, é evidente o descontentamento e sinais de fúria que os torcedores demonstram.

Aos comandantes do Santos Futebol Clube, um dos maiores clubes da história do futebol, lar do maior atleta da história deste esporte, resta a reflexão na busca pela humildade, além de reconhecerem os próprios erros. A soberba de alguns terá como resultado um ano catastrófico, com eventual rebaixamento no Paulistão ou Brasileiro.

As contratações devem ser urgentes, e vale até mesmo a reflexão se o Clube deve fazer “loucuras” neste momento, de modo a prevenir o rebaixamento no Paulistão. Mas esta reflexão e tomada de decisão não incumbe aos torcedores, mas aos comandantes do Clube, em especial o Presidente Andres Rueda.

Dentre os nomes ventilados, cito o de Lucas Lima: mesmo que demonstre o futebol que o levou à Seleção, enquanto ainda vestia a camisa santista, não será isso que elevará o patamar da equipe. Provavelmente, nem mesmo Neymar Jr. hoje seria capaz de salvar essa equipe, pois as fragilidades são imensas, passando por todos os setores dentro do campo e se estendo a fatores extra-campo.

Não compete aos torcedores decidirem os nomes, pois é evidente o desejo de muitos torcedores em repatriar atletas, tais como Jean Lucas, Diego Pituca e Lucas Veríssimo. De fato, tais contratações ajudariam muito, mas hoje são além da realidade do Santos, em especial por todos eles terem mercado em equipes mais qualificadas no futebol brasileiro no momento.

Ao torcedor, em especial o sócio, só resta lamentar e, finalmente, ter a maior das lições: seu voto tem peso, você decide o futuro do seu Santos Futebol Clube.

Ao comandante máximo do Clube e demais envolvidos nas tomadas de decisão, já que ficou evidente os erros acumulados ao longo dos últimos dois anos, os quais estão custando muito caro, só lhes resta os “parabéns”. “Parabéns” pela incompetência, “parabéns” pela falta de humildade, “parabéns” pelas promessas vazias e não cumpridas e “parabéns” por envergonhar aquele que é uma das maiores paixões de muitos, o Santos Futebol Clube.

 

Esse texto não expõe necessariamente a opinião do Meu Peixão.

1 Comment

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  1. Plinio Rubert Gardin

    5 de fevereiro de 2023 at 08:52

    Parabéns Sérgio pelo excelente artigo, sobretudo, pela análise real, abrangente e criteriosa dos fatos.
    A falta de planejamento do clube a médio e longo prazo, com o rodízio constante de atletas e dirigentes tem transformado o Santos numa equipe que transita com frequência nas baixas linhas dos torneios de que participa.
    Talvez nosso maior troféu hoje seja o de nunca ter caído para séries inferiores, mas parece que por muito pouco tempo…

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