Bastidores

Caso terminem mandato, Rueda e Jatene serão “conselheiros eternos”

Poucas pessoas já se deram conta, mas ao concluir seu mandato como presidente do Santos Futebol Clube, Andres Rueda se tornará Conselheiro Nato no Conselho Deliberativo do Peixe, ou seja, enquanto estiver vivo será “Conselheiro Eterno” do clube. Sim, Rueda poderá participar do cotidiano do Alvinegro Praiano até sua morte ou sua expulsão do quadro associativo do clube.

Segundo o Estatuto Social vigente, os “Conselheiros Natos são os associados fundadores, presidente de honra, presidente emérito, grandes beneméritos, beneméritos e ex-presidentes da Presidência e do Conselho Deliberativo que tenham cumprido seus mandatos integralmente”. Como não sofreu impeachment, pediu licença ou renunciou (e não corre risco ou pretende tomar essas atitudes), Rueda será agraciado com a condição de Conselheiro Nato depois da gestão pífia e patética que colocou o Santos na Série B, e é seguramente a pior da história do time de Rei Pelé.

As “vantagens” de ser um Conselheiro Nato são várias. A principal: Não precisa disputar mais eleições ao Conselho Deliberativo. Seu direito a vaga é eterno. E mais: Não precisa comparecer às reuniões do Conselho Deliberativo. E ainda: pode, se quiser, compor o Conselho Consultivo (que é formado a cada três anos em um novo mandato presidencial) e ser um dos autores do Planejamento Estratégico do clube e ainda opinar e participar do dia a dia do clube. Afinal, cabe ao Conselho Consultivo “orientar” o Comitê de Gestão.

Cabe ao Conselho Consultivo opinar e dar parecer sobre assuntos estratégicos do clube, como a “nova arena”, e aconselhar o presidente em momentos conturbados, como aconteceu depois da derrota do Santos para o Fortaleza no primeiro turno de 2023, quando o grupo se reuniu para dar opiniões e orientar Andres Rueda.

No triênio 2021-2023, o Conselho Consultivo, que é presidido pelo presidente do Conselho Deliberativo de momento (no caso, Celso Jatene) é composto por: André de Fazio (Presidente do Conselho de 2010 a 2011), Esmeraldo Tarqüínio (Presidente do Conselho de 200 a 2001), Fernando Bonavides (Presidente do Conselho de 2015 a 2017), Florival Barletta (Presidente do Conselho de 1998 a 1999 e 2006 a 2007), José da Costa Teixeira (Presidente do Conselho de 2002 a 2003, 2004 a 2005 e 2008 a 2009) e Marcelo Teixeira (Presidente do Clube de 1992-1993, 2000-2001, 2002-2003, 2004-2005, 2006-2007, 2008-2009 e do Conselho de 2018 a 2020). Também é importante frisar que nem sempre um ex-presidente fará parte do Conselho Consultivo. Para fazer parte, o estatuto diz que os “ex-Presidentes habilitados a integrar o Conselho Consultivo deverão solicitar ao Presidente do Conselho Deliberativo do SANTOS, por escrito, suas respectivas nomeações, até o último dia útil do mês de janeiro subsequente à eleição prevista na alínea (a) do artigo 25, e tomarão posse mediante assinatura do termo de posse”. Por isso, Otávio Alves Adegas (Presidente do Santos FC em 1987 e Presidente do Conselho de 1986 a 1989) e Rubens Quintas Ovalle (Presidente do Clube de 1978 a 1982) não eram membros do Conselho Consultivo do mandato do Presidente Rueda porque optaram em não participar do período.

Jatene também

Não apenas Rueda ganhará a condição de Conselheiro Nato. O atual Presidente do Conselho Deliberativo, Celso Jatene, também será agraciado com a vaga de “membro eterno” do órgão legislativo do Santos FC. Jatene já é Conselheiro Efetivo, portanto não precisa mais disputar eleições para ser membro do Conselho Deliberativo. Porém, precisa comparecer a todas as reuniões senão perde essa condição. Vale lembrar que até o meio de 2023, Jatene dizia que “iria trabalhar muito para que Rueda fosse candidato a reeleição” e por diversas vezes serviu de “escudo” as ações do Comitê de Gestão no Conselho Deliberativo.

Apenas Adegas, Quintas e Teixeira

Importante frisar que entre os ex-presidentes do Santos apenas Rubens Quintas, Otávio Adegas e Marcelo Teixeira são, atualmente, Conselheiros Natos. Modesto Roma Jr., apesar de ter concluído seu mandato de forma integral, não é nato por conta de sua expulsão do quadro associativo, em 2019. José Carlos Peres não faz parte do conselho por não ter concluído seu mandato, já que saiu do clube por meio de impeachment em 2020.

O ex-presidente Odílio Rodrigues, por outro lado, não é Conselheiro Nato, mas é Conselheiro Honorário. Isso porque antes de se eleger vice-presidente em 2009 ele já era Conselheiro Efetivo e, por atingir 65 anos de idade optou pela condição de Honorário, que lhe tira o poder de voto, mantendo apenas o poder de ser ouvido nas reuniões do Conselho Deliberativo, porém lhe dá o direito de faltar sempre que for necessário.

Nem Rodrigues e nem Orlando Rollo são Conselheiros Natos, pois não tiveram mandato completo como presidente do clube alvinegro, pois assumiram após o impeachment ou renúncia dos presidentes. Ainda há casos como o do ex-presidente do clube Miguel Assad (1988-1989), que saiu e retornou ao quadro associativo do clube e, portanto perdeu a condição de Nato. Também vale lembrar o caso do antigo presidente do Conselho, o advogado e ex-deputado federal Vicente Cascione, que renunciou ao cargo de Presidente do Conselho em 1982.

Movimentação

Diversos conselheiros de oposição e aliados de Rueda e Jatene tem feito pedidos a ambos que renunciem seus cargos para não serem elevados a condição e Conselheiros Natos. Porém, tanto Rueda como Jatene parecem não querer abdicar dessa vantagem dentro do Santos. Alguns Conselheiros Eleitos e Efetivos para o triênio 2024-2026 já preparam pedido de expulsão da dupla do quadro associativo e estão usando essa “ameaça” como barganha para que ambos abdiquem da condição de Natos.

Tanto Rueda, como Jatene tem até 31 de dezembro para renunciarem. Se não o fizerem poderão ser eternos na vida do clube, caso o pedido de expulsão que está sendo articulado não for aprovado pelo Conselho Deliberativo na próxima gestão.

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