Depois de um longo e tenebroso inverno, cá estou eu, novamente desabafando com vocês sobre um assunto qualquer que divide opiniões e me traz questionamentos sobre qual seria a linha tênue que separa o respeito próprio e o interesse próprio.
Digo isso, pois como o próprio portal Meu Peixão noticiou no inicio do ano, e eu mesmo refleti sobre as peculiaridades deste caso que estará em tela, em uma das minhas colunas, Kaio Jorge está de malas prontas. A única dúvida que resta é se sua passagem será comprada para agosto ou janeiro. Até aí, todos sabem, porém a batalha de hashtags feita pelos amantes e críticos do atleta tem tido pouco efeito prático, uma vez que ele não foi nem afastado, e muito menos se mostrou propenso a renovar seu contrato.
Muito se tem debatido sobre qual será o desfecho e qual deveria ser a posição da diretoria, até que nesses últimos duelos contra o Indepediente, da Argentina, os dois gols que selaram a classificação peixeira vieram do atleta em questão. Eu poderia ser oportunista e falar que era claro que ele deveria jogar e demonstrar com palavras persuasivas que nunca me passou pela cabeça a ideia de afasta-lo até que um rumo fosse tomado neste assunto. Porém, com todo o respeito a quem pensa desse jeito, eu estaria mentindo se entrasse nesse mantra dos defensores ferrenhos, e meu compromisso é justamente em me posicionar de acordo com o que penso e, por sorte, ter um espaço para dividir minhas opiniões.
Todos nós somos gatos escaldados nessa história de perder atletas de graça, vide a infinidade de bons valores que na oportunidade de virar as costas, com ou sem razão, ao clube que os projetaram, assim o fizeram. Bambu, Gustavo Henrique, Lucas Lima, Yuri Alberto, e agora estamos na iminência de perder Kaio.
Muitos tentam ser o oráculo da sabedoria e apontar teorias mirabolantes do porque o atleta não quer renovar, e eu respondo com tranquilidade. Ele não quer renovar e quer jogar na Europa. Ponto. Não é culpa de empresário, afinal, o Sandry renovou. Não é culpa da diretoria atual, ela já pegou o rojão dessa renovação aceso pelas gestões anteriores, que até carta pra agente desconhecido do atleta deu, para que ele fosse negociado.
“Ah, mas a diretoria poderia chegar no valor que ele quer, afinal ele é promissor…“. Não, não deveria chegar, porque até agora ele só se mostrou promissor, só deu indícios do que ele poderia virar, e não do que ele é. Pegue todos os atacantes dos times grandes, peguem a média de gols (afinal, são atacantes), e façam uma média de quanto ganham por cada gol feito, e verão que o Kaio não poderia exigir um salário no teto do clube. “Ah, mas ele é um falso 9, ele não faz gols sempre, mas ajuda o time de outras formas…” Amigos, tenho uma péssima notícia pra vocês, quem fala isso deve ser a mesma pessoa que defendia o Everson por ser um goleiro que jogava com os pés. Atacante tem que fazer gol, tem que saber cabecear, tem que saber fazer um pivô, receber na meia lua e fazer um giro com o zagueiro nas costas, e ele não faz isso.
Logo se ele é bom, e ajuda o time de outras formas, mas não marca um numero considerável de gols, não dá assistências sendo pivô, não sabe cabecear, talvez ele não seja um 9, um centroavante. Mas ele não é também um ponta, também não tem a intensidade de um meio campo. Então qual é a posição dele? Muitos falarão falso 9, mas quantos times hoje você vê atuando nesse esquema com sucesso? Liverpool? Barcelona? Liverpool tem dois pontas com fome de gol, Salah e Mané. Barcelona tem um ET chamado Lionel Messi. Ou seja, há falhas nos fundamentos que tornam o clube em que o Kaio Jorge jogar HOJE, um time que deverá ter peças especificas para lograr êxito de maneira consistente. Qual investimento deve ser feito para um atleta tão peculiar e com falhas no jogo?
Outro ponto é, se ele não quer abaixar a pedida para renovar, e mostrou que quer jogar na Europa o mais rápido possível, ou o Santos o vende nessa janela pela maior quantia possível dentro das propostas, seja ela de 5 milhões de euros, ou o afasta. E aí, entro na questão principal de que o Santos não é time de interior paulista, que só serve pra dar vitrine a jogadores no Campeonato Paulista. Kaio Jorge deveria todos os dias agradecer aos céus a oportunidade de ter jogado no maior time do Brasil na história. Agradecer por, depois de ter sido dispensado em teste no São Paulo, ter aparecido o Santos pra investir em sua formação. Santista não tem que fazer um jogador virar “trending topic“, se rastejar por um jogador que embora muito promissor, não ganhou nada aqui. Enquanto o próprio Santos e sua torcida, não entenderem a real dimensão do Clube e se respeitarem como uma potência do futebol no mundo, haverá sempre algum atleta que usará o clube como um meio para um fim. O santista precisa muito aprender a se respeitar e mostrar que AQUI NÃO. Antes de confederação, de federação, de arbitragem, de clubes rivais, de clubes estrangeiros, de atletas rivais, de atletas de maneira geral, nos respeitarem, temos que demostrar respeito a nós mesmos.
** Este texto não reflete, necessariamente, o posicionamento do Portal Meu Peixão
Carlos Alberto Valente
24 de julho de 2021 at 15:42
Perfeito