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#TBT – A quase “revolução” do Santos e do futebol brasileiro

Era dia 12 de junho de 2013, quando o Santos havia enviado uma proposta ao técnico argentino Marcelo Bielsa, de saída do Athletic Bilbao (ESP).

Ainda procurando um substituto para a vaga deixada pelo ex-técnico Muricy Ramalho, o Peixe viu em Bielsa, a grande oportunidade de elevar o patamar do clube, contratando um treinador que foi inspiração para grandes técnicos de toda uma geração, como Pep Guardiola e Jorge Sampaoli.

Para o Santos, “El Loco”, apelido de Marcelo Bielsa, tinha o perfil perfeito para comandar o Peixe. Com o DNA ofensivo acima de tudo, da posse de bola, troca de passes e da pressão no campo do adversário, era tudo que o clube buscava.

Em 2011, o clube e o técnico já haviam aberto negociações para a vinda do argentino, que no final não prosperou, mas deixaram uma porta aberta para uma chegada no futuro. As novas conversas se iniciaram primeiramente de maneira virtual, através do Skype, e depois pessoalmente em Madrid.

Bielsa apresentou um amplo conhecimento sobre o elenco santista, o treinador também fazia perguntas que outros técnicos brasileiros e estrangeiros jamais haviam feito.

Para se juntar ao clube, o argentino fez algumas exigências, como morar no CT Rei Pelé, pediu que o Peixe providenciasse tecnologia suficiente para que assistisse a todos os campeonatos possíveis.

Bielsa também deixou claro que gostaria de trabalhar com 24 jogadores no elenco, sendo a maioria deles jovens. O número é baixo perto da média do futebol brasileiro, mas foi visto como ideal para que todos jogassem, todos se mantivessem motivados e para que pouco se fosse alterado na equipe.

Antes que fosse apresentada uma proposta oficial, com o salário e tempo de contrato acertados, Bielsa pediu vídeos de todos os jogadores do elenco santista daquele ano (2013) e do anterior (2012). Também pediu informações sobre os atletas do time profissional e da base como: comportamento nos treinos, características extracampo, duração do contrato, etc. Tudo para que soubesse sempre o que acontecia com seus jogadores e quaisquer problemas que poderiam afetá-lo.

Para auxiliar o “El Loco”, a diretoria santista havia oferecido a contratação de um ex-jogador do Santos para ajudá-lo na relação com jogadores e diretoria, o que foi prontamente negado, já que para o treinador, ele precisaria ter uma boa relação com ambos e falar abertamente com eles, sem intermédio de ninguém.

Com as conversas iniciadas, Bielsa assinaria um contrato até o fim de 2014, mas assumiria o time no início de 2014, e seus auxiliares seriam os responsáveis por comandar os treinos e os jogos nos últimos 6 meses de 2013.

Nesse tempo que permaneceria ainda longe de assumir o comando técnico, Marcelo viajaria pelo Brasil para assistir diversos jogos e procurar jogadores que se adequassem a sua filosofia de jogo e que o Santos pudesse contratar, além de analisar os adversários que enfrentaria no ano seguinte e analisar os estádios em que ocasionalmente poderia jogar.

Apesar de parecer uma ideia incrível e que mudaria tanto o Santos quanto o futebol brasileiro, a diretoria santista encerrou as negociações com o argentino, considerando o “Pacote Bielsa” um investimento caro e que, se não alcançasse resultados positivos, poderia trazer um prejuízo enorme para o clube no futuro. Com isso, o treinador acabou contratado pelo Olympique de Marseille (FRA).

Quase 6 anos após a falha tentativa de contar com Bielsa no comando da equipe, em 2019 o Peixe teve alguns retratos desse futebol ofensivo, mas sob o comando do, também argentino, Jorge Sampaoli, que se inspirava em Marcelo Bielsa e também era adepto do “DNA Ofensivo”.

Apesar de não ter sido campeão, Sampaoli ajudou o Santos a alcançar a segunda colocação no Campeonato Brasileiro e encantar o país com um futebol bonito, ofensivo e que agradava até mesmo aqueles que torciam para times rivais.

Atualmente, o Peixe conta com o também adepto ao ofensivismo e ideias parecidas com as de Bielsa, Fernando Diniz, enquanto Marcelo Bielsa, aos seus 65 anos, comanda o Leeds United, da primeira divisão da Inglaterra, desde 2018.

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